domingo, 22 de setembro de 2013

Atenas, onde tudo começou!

Queria estrear este blog com uma viagem pelo Brasil, mas não deu para esperar, teve que ser sobre a Grécia! Acabei de chegar de lá, viagem que sempre esteve na minha lista de "desejos", mas que só agora se concretizou! O porquê desse enorme atraso, só Zeus Olímpico poderá explicar...


Minha vida toda sonhei com essa viagem, estudei Mitologia Grega na faculdade e só tirava 10, então como seria encontrar, depois de tantos anos, o país dos meus sonhos, agora imerso nesta grave crise econômica? E os comentários que ouvia sobre Atenas ser uma cidade muito poluída, mal-tratada, uma "favelinha" de casas brancas? Acabei criando uma enorme expectativa, que me deixou meio desconfiada...


A Grécia é longe, bem longe, atravessa-se a Europa quase que de ponta a ponta, mas valeram as 20 horas de viagem que levei para chegar em Atenas! O fuso horário de 6 horas à frente, o clima quente e muito seco de agosto, juntamente com os inúmeros turistas me deixaram de início meio zonza e fora do eixo, sintomas que creditei ao jetlag. Mas, logo percebi que não era nada disso, e sim pura ansiedade, que a tudo transforma! 


Mas, foi só acordar no dia seguinte, depois desse périplo, e ir direto para o sítio arqueológico mais importante da Grécia, para que tudo começasse a se encaixar e a fazer sentido novamente: no alto da colina, imponente e majestosa, ela, a Acrópole (1) dos meus sonhos e também dos grandes filósofos da antiguidade estava lá, soberana e absoluta, se exibindo para mim! Foi emocionante ver de perto este marco, berço da civilização ocidental e por séculos considerado o mais importante centro religioso de Atenas! 


Do complexo de templos da Acrópole (cidade alta, em grego) sobraram apenas ruínas, mas mesmo assim é tudo ainda tão grandioso, que fica difícil não ser arrebatado por esse lugar onde o tempo é medido em milênios! Com um único ingresso o visitante pode conhecer todos os monumentos que compõem este sítio arqueológico, e também os seus arredores. Lá, o mais impactante é sem dúvida alguma o Parthenon (Casa da Virgem), que foi erguido entre 449-438 a.C para abrigar a estátua da deusa Athena (2). Mais do que um templo sagrado, este monumento cultural e político era palco de grandes celebrações pelas vitórias dos gregos contra os invasores da Ásia, depois dos combates entre a lei, a democracia e a civilização, contra o atraso, a barbárie e a tirania. 

(1) Acrópole
(2) Parthenon

O Erechtheion (3), construído entre 421-406 a.C, é outro grande monumento a ser admirado, com as suas famosas Cariátides (mulheres provenientes da cidade de Karyes Lakonias). Elas estão representadas em seis diferentes colunas de 6,80 m de altura cada uma, com formas femininas que, emblemática e serenamente, sustentam nas suas cabeças todo o peso do templo. Essas colunas são cópias, pois as originais estão no Museu da Acrópole, protegidas do desgaste sofrido pela poluição. Este templo era o local mais sagrado da Acrópole, onde vários deuses e herois eram cultuados. No teto existe um orifício que nunca taparam porque pensavam que tinha sido produzido por um raio que Zeus tinha lançado! No século VII d.C o local foi convertido em um templo cristão, e manteve-se em bom estado de conservação desde então, até 1827, quando uma grande parte foi destruída pelos bombardeamentos durante a guerra da independência.
                                    
(3) As Cariátides



Aos pés da colina da Acrópole ficam o Teatro de Dionísio (5), o mais antigo do mundo, e o Odeon de Herode Ático, de 161 d.C (4). Dionísio (denominação na Literatura Grega) era o deus da geminação e do vinho (o conhecido Baco, na Literatura Greco-Romana). Durante o século VI a.C o seu culto se espalhou por toda a Grécia. Por conta disso, um teatro foi erguido em sua honra e foi onde surgiu, pela primeira vez, a figura do ator. 

A partir de então, textos não só das aventuras de Dionísio, mas também de outras figuras históricas e míticas, passaram a ser declamados no local. Berço da dramaturgia ocidental, da tragédia e da comédia, foi lá que apareceram, também, as famosas máscaras, pois um único ator representava vários papeis! Neste teatro, Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristóteles representaram suas obras imortais, para, calcula-se, mais de 17 mil espectadores. O Odeon de Herodes Ático foi construído por Tiberius Claudius Herodes, membro de uma importante família ateniense, em homenagem a sua esposa, Regilla. O espaço foi erguido segundo a forma dos teatros romanos, tinha capacidade para 5 mil espectadores e muitas tragédias gregas foram encenadas lá. Hoje, recuperado, o palco é local de festivais e concertos.

(4) Odeon de Herodes Ático
(5) Teatro de Dionísio
Saindo da Acrópole em direção à Av. Doinysiou, chega-se ao Arco de Adriano (6), construído na época do domínio romano em 120 d.C, quando o Imperador Adriano ergueu o arco em sua própria homenagem. Ali também se encontra o Olympeion, o Templo de Zeus Olímpico (7) onde ainda se vêem 15 impressionantes colunas, das 104 originais! Este templo, considerado um dos maiores da antiguidade, levou sete séculos para ser concluído, tendo o seu início no século VI a.C. Cada coluna mede 17,25 m de altura! Aristóteles, no seu texto Política, menciona o templo como um bom exemplo de como os tiranos mantinham a população ocupada e distraída com obras monumentais para que não tivesse tempo ou energia para rebeliões (esse estratagema, quem diria, já vem da Antiguidade!!!).
(6) Arco de Adriano

(7) Templo de Zeus Olímpico
Outro sítio arqueológico imperdível, a Ágora Antiga (8), era o centro do poder e da democracia ateniense e cenário das atividades políticas, legislativas sociais, culturais, esportivas e religiosas. Ali funcionavam os templos de adoração e o comércio, e era onde Sócrates, o "Pai da Filosofia", expunha suas ideias tão avançadas ("Sei que nada sei"). Além dele, passaram por lá: Platão (criador da utopia), Aristóteles ("O Filósofo", cujos ensinamentos serviram de base para a ciência ocidental), Péricles (governou por 30 anos, pois a sua inteligência e ideias liberais fizeram dele o maior líder democrático da Grécia, na chamada Idade de Ouro, de 479-429 a.C), Homero (autor de poemas épicos como "A Odisseia" e "A Ilíada", obras atemporais que têm atravessado os séculos, embora muitos acreditem que esse autor nem tenha existido!) e Alexandre o Grande (discípulo de Aristóteles, em 336 a.C, com apenas 20 anos, conquistou a Pérsia, Egito, Síria, Mesopotâmia e Índia, ufa!). E vale lembrar que também vêm da Grécia a democracia, a filosofia, a medicina, a ética, a estética, o teatro, a oratória (e mais tarde Zorba o Grego, o queijo feta, o iogurte e a moussaka!!!). Também neste sítio estão o bem preservado e suntuoso Templo de Hefestos (9) e a Biblioteca de Adriano. 

Essas construções continuam nos assombrando pela imponência e harmonia! Segundo o célebre jornalista e helenista espanhol, Ricardo Torrijos, "neste lugar, a promoção do homem, em sua forma mais sofisticada e completa, alcançou os mais altos níveis conseguidos na História, com a prática das mais nobres virtudes, vistas de uma ótica grega: a busca da sabedoria, a prática das belas artes e o cultivo do desenvolvimento corporal."

(8) Ágora Antiga
(9) Templo de Hefestos
Mais uma visita emocionante e cheia de História: o Estádio Panatenaico (10)! Finalizado em 566 a.C, passou por uma longa reforma para a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896. Isto se deu graças ao empenho do Barão Pierre de Coubertin que, em 1894, organizou em Paris, a Conferência Olímpica Mundial. No ano de 2004, quando Atenas foi novamente escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, este estádio com capacidade para 68 mil espectadores foi o local de chegada da prova mais célebre, a maratona. 

Esta prova teve sua origem lendária na cidade grega de Olímpia, em 776 a.C. Conta a lenda grega que um soldado ateniense correu a distância de 40 km, entre a cidade de Maratona e Atenas, para avisar sobre a vitória dos exércitos atenienses contra os persas. Este soldado teria morrido de exaustão após cumprir esta missão! Nos jogos de 1896, em homenagem a este heroi grego, os organizadores resolveram criar esta prova, que a princípio tinha os 40 Km. A distância atual de 42,195 m foi fixada em 1908, em Londres, para que a família real britânica pudesse acompanhar o início da prova dos jardins do Palácio de Windsor! É, quem pode muda até uma lenda em causa própria...



(10) Estádio

Atleta recordista
Imperdível, também, é o Novo Museu da Acrópole (11), que foi fundado em 1878 e reinaugurado em junho de 2009. É uma esplêndida construção de 14.000 metros quadrados feita de vidro, mármore e cimento. Logo na entrada o visitante encontra um pavimento todo de vidro, sob o qual estão expostos vários objetos encontrados durante as escavações dessa nova parte do museu. Um bairro antigo inteiro passará a fazer parte do acervo, em breve!  É tanta História para um país tão pequeno e fragmentado em inúmeras ilhas, verdadeiro quebra-cabeça geográfico, que para nós mortais fica difícil imaginar o quanto os gregos realmente influenciaram o Ocidente, em tudo! 

(11) Novo Museu da Acrópole
Depois de tanta cultura, passar pelo Parlamento (12) para ver a troca da guarda, que é feita de hora em hora, pode ser bem divertido! Se puder escolha o domingo, que é o dia em que os guardas usam uniformes especiais. Seja como for, a experiência será no mínimo interessante, pois eles usam roupas e sapatos bem estranhos e marcham de maneira mais estranha ainda! A diversão se completa com o público que tira foto ao lado dos guardas, que não se mexem nem sorriem de forma nenhuma! Mas, apesar da cara séria, eles são bem engraçadinhos e parecem soldadinhos de chumbo (13)! Se você gostar e quiser copiar o modelito, os sapatos e os trajes usados por eles são vendidos em vários lugares turísticos de Atenas!!!


(12) Parlamento


(13) Guarda em frente ao Parlamento
Depois de tanta andança, deu fome, então a dica é escolher um restaurante em Plaka, Psiri ou Monastiraki, que são os bairros mais pitorescos e simpáticos na área do centro histórico. Aí é só escolher sua mesinha na calçada, tomar fôlego e pedir tudo de uma vez: bebida, entrada, prato principal e sobremesa! Consulte os oráculos para saber se você vai querer isso tudo mesmo, ou não. Na Europa, de uma maneira geral, é assim que a coisa funciona, mas em Atenas é pior... e ai de você se, depois de saborear o prato principal, resolver sem mais nem menos pedir a sobremesa! E foi aí que descobri que o ateniense é muito "marrento"!!! Nunca, jamais faça muitas perguntas, não mude de opinião, não queira saber onde fica o banheiro, não esqueça aberta a porta que dá para o salão refrigerado, não reclame da demora, não peça para experimentar a roupa!!! Chega a ser folclórico, e no final você até começa a achar divertido! 

Seis dicas gastronômicas de ouro: 1) peça a salada grega (14), primeiro porque você está na Grécia (dããããã), segundo porque é ma-ra-vi-lho-sa! Não há tomate que se compare ao grego (nem mesmo o italiano!), e o tal queijo feta, que aqui é absurdamente caro, lá é como se fosse o queijo de minas deles! O azeite também é divino, mas as azeitonas achei muito salgadas, a cebola roxa não arde e o pepino não me caiu mal!; 2) experimente a moussaka, que é um tipo de lasanha feita de camadas de berinjelas, carne, molho de tomate, queijo e azeitonas; 3) sabe o tal iogurte grego, que agora está super na moda por aqui? Lá é dos deuses olímpicos e tem sempre no café da manhã e nas ruas; 4) não deixe de comer o gyros, que é um sandubão com recheio de vários tipos de carne, a escolher entre frango, carneiro, porco ou vaca, tomate (ele de novo!), azeitonas, molho divino de iogurte, batata frita, alface, tudo enrolado num cone de pão pita, delicioso! 5) prove as baklavas, que são doces folheados e recheados de pistache, amêndoas e mel; 6) O vinho branco grego é especial, geladinho então, desce como água, tim-tim!!!  



(14) Salada Grega
As compras, ah as compras...traga muito olho grego, não há quem não goste (e não precise!), é bonito e barato. As joias de ouro e prata são famosas e lindas, as sandálias de couro também. Há lembranças de todos os preços e são muitas as lojas típicas para turistas. Porque afinal, eu adoro ser turista, e Sair por Aí (com trocadilho!).


Olho Grego para espantar mau olhado!


E por falar em sair por aí, na minha opinião a melhor maneira de conhecer uma cidade é a pé. Mas tenho uma estratégia de ação: no primeiro dia, quando ainda estou cansada e meio lerda, adoro fazer um sightseeing naqueles ônibus super coloridos de dois andares, os famosos Hop on / Hop off! Tem algo mais turistão do que isso??? Mas, eu SOU turista, então, por que não? E assim, instalada no 2º andar (faço questão!) dou uma geral na cidade (de cima!), anoto os lugares que mais gostei para voltar depois, com calma e tiro fotos de outros ângulos (lá nas alturas!). Esses ônibus são bem comuns nas capitais e cidades maiores e o sistema deles é muito bem bolado: compra-se o tíquete, que dura 24 ou 48 horas, e aí é só subir e descer à vontade, pois eles têm hora e local determinados para esse entra-e-sai. 



Outro hábito que tenho é de ficar no centro histórico (ou centro turístico), ou o mais próximo possível dele. Primeiro porque, como já disse, prefiro andar a pé do que usar ônibus ou metrô. Segundo porque eu já estarei perto das atrações turísticas, então vou aproveitar mais e gastar menos tempo e energia com deslocamentos. Mas é claro que muitas vezes fica mais caro, mas quando dá, vale muito a pena.

Quando ir: foi a primeira vez que viajei para a Europa na alta temporada (agosto-setembro), pois costumo ir em junho, na pré-temporada. Fui usando milhas e, por incrível que pareça, só tinha nessa data! Então, como queria ir para Mykonos e Santorini também, achei legal experimentar o verãozão de lá! Claro que nesta época tudo é mais cheio, mais caro, mais tudo, para o bem e para o mal! Mas resolvi arriscar, e posso dizer que adorei! Claro que nem tudo foram flores, Atenas estava muito quente e seca, bem diferente do nosso verão, que é úmido, então acho que gastei uns mil euros só comprando água!!! Por outro lado, tive várias surpresas agradáveis: 1) só peguei dias de sol, céu absurdamente azul e noites fresquinhas e estreladas; 2) tudo estava cheio sim, mas também muito alegre e descontraído, com mesinhas nas calçadas, gente de tudo quanto é país que você possa imaginar e sempre tinha lugar para todos; 3) os dias são bem mais longos, então aproveita-se mais; 4) a mala foi levinha, só com biquínis, shorts, camisetas, vestidos e sandálias Havaianas (que pasmem, custam entre 30 e 40 euros e é uma febre na Europa!); 5) o clima de gente-estou-de-férias-na-Grécia-no-verão, não tem preço, quer dizer, tem sim, é em euros, mas valeu cada centavo!!! 




Onde ficar: eu fiquei em Plaka, um bairro histórico, bem simpático e turístico. A minha rua era a Mitropoleos, muito bem localizada e perto de várias atrações turísticas, para onde fui a pé! Nos arredores, cheios de ruazinhas charmosas, há vários restaurantes com mesinhas nas calçadas, muitas lojinhas para turistas e bastante agito! Do Hotel Plaka, onde fiquei, eu tinha uma linda vista da Acrópole, especialmente do terraço onde era servido o delicioso e farto café da manhã! A localização é ótima e o staff é simpático e atencioso. No bairro Psiri vi o bonito Eridanus Art Hotel, não tão perto de Plaka, mais luxuoso e que também me pareceu muito bom. 

Bem, vou me despedindo de Atenas já com saudades dessa cidade mágica e enigmática, concordando plenamente com Nikos Kazantzakis, autor de Zorba, o Grego, quando ele afirma que "em nenhum outro lugar do mundo passa-se tão suavemente da realidade ao sonho"!!! Mas o sonho não acabou, pois amanhã cedo estou indo para Mykonos!!!

Atenas, onde tudo começou!

Queria estrear este blog com uma viagem pelo Brasil, mas não deu para esperar, teve que ser sobre a Grécia! Acabei de chegar de lá, viagem que sempre esteve na minha lista de "desejos", mas que só agora se concretizou! O porquê desse enorme atraso, só Zeus Olímpico poderá explicar...


Minha vida toda sonhei com essa viagem, estudei Mitologia Grega na faculdade e só tirava 10, então como seria encontrar, depois de tantos anos, o país dos meus sonhos, agora imerso nesta grave crise econômica? E os comentários que ouvia sobre Atenas ser uma cidade muito poluída, mal-tratada, uma "favelinha" de casas brancas? Acabei criando uma enorme expectativa, que me deixou meio desconfiada...


A Grécia é longe, bem longe, atravessa-se a Europa quase que de ponta a ponta, mas valeram as 20 horas de viagem que levei para chegar em Atenas! O fuso horário de 6 horas à frente, o clima quente e muito seco de agosto, juntamente com os inúmeros turistas me deixaram de início meio zonza e fora do eixo, sintomas que creditei ao jetlag. Mas, logo percebi que não era nada disso, e sim pura ansiedade, que a tudo transforma! 


Mas, foi só acordar no dia seguinte, depois desse périplo, e ir direto para o sítio arqueológico mais importante da Grécia, para que tudo começasse a se encaixar e a fazer sentido novamente: no alto da colina, imponente e majestosa, ela, a Acrópole (1) dos meus sonhos e também dos grandes filósofos da antiguidade estava lá, soberana e absoluta, se exibindo para mim! Foi emocionante ver de perto este marco, berço da civilização ocidental e por séculos considerado o mais importante centro religioso de Atenas! 


Do complexo de templos da Acrópole (cidade alta, em grego) sobraram apenas ruínas, mas mesmo assim é tudo ainda tão grandioso, que fica difícil não ser arrebatado por esse lugar onde o tempo é medido em milênios! Com um único ingresso o visitante pode conhecer todos os monumentos que compõem este sítio arqueológico, e também os seus arredores. Lá, o mais impactante é sem dúvida alguma o Parthenon (Casa da Virgem), que foi erguido entre 449-438 a.C para abrigar a estátua da deusa Athena (2). Mais do que um templo sagrado, este monumento cultural e político era palco de grandes celebrações pelas vitórias dos gregos contra os invasores da Ásia, depois dos combates entre a lei, a democracia e a civilização, contra o atraso, a barbárie e a tirania. 

(1) Acrópole
(2) Parthenon

O Erechtheion (3), construído entre 421-406 a.C, é outro grande monumento a ser admirado, com as suas famosas Cariátides (mulheres provenientes da cidade de Karyes Lakonias). Elas estão representadas em seis diferentes colunas de 6,80 m de altura cada uma, com formas femininas que, emblemática e serenamente, sustentam nas suas cabeças todo o peso do templo. Essas colunas são cópias, pois as originais estão no Museu da Acrópole, protegidas do desgaste sofrido pela poluição. Este templo era o local mais sagrado da Acrópole, onde vários deuses e herois eram cultuados. No teto existe um orifício que nunca taparam porque pensavam que tinha sido produzido por um raio que Zeus tinha lançado! No século VII d.C o local foi convertido em um templo cristão, e manteve-se em bom estado de conservação desde então, até 1827, quando uma grande parte foi destruída pelos bombardeamentos durante a guerra da independência.
                                    
(3) As Cariátides



Aos pés da colina da Acrópole ficam o Teatro de Dionísio (5), o mais antigo do mundo, e o Odeon de Herode Ático, de 161 d.C (4). Dionísio (denominação na Literatura Grega) era o deus da geminação e do vinho (o conhecido Baco, na Literatura Greco-Romana). Durante o século VI a.C o seu culto se espalhou por toda a Grécia. Por conta disso, um teatro foi erguido em sua honra e foi onde surgiu, pela primeira vez, a figura do ator. 

A partir de então, textos não só das aventuras de Dionísio, mas também de outras figuras históricas e míticas, passaram a ser declamados no local. Berço da dramaturgia ocidental, da tragédia e da comédia, foi lá que apareceram, também, as famosas máscaras, pois um único ator representava vários papeis! Neste teatro, Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristóteles representaram suas obras imortais, para, calcula-se, mais de 17 mil espectadores. O Odeon de Herodes Ático foi construído por Tiberius Claudius Herodes, membro de uma importante família ateniense, em homenagem a sua esposa, Regilla. O espaço foi erguido segundo a forma dos teatros romanos, tinha capacidade para 5 mil espectadores e muitas tragédias gregas foram encenadas lá. Hoje, recuperado, o palco é local de festivais e concertos.

(4) Odeon de Herodes Ático
(5) Teatro de Dionísio
Saindo da Acrópole em direção à Av. Doinysiou, chega-se ao Arco de Adriano (6), construído na época do domínio romano em 120 d.C, quando o Imperador Adriano ergueu o arco em sua própria homenagem. Ali também se encontra o Olympeion, o Templo de Zeus Olímpico (7) onde ainda se vêem 15 impressionantes colunas, das 104 originais! Este templo, considerado um dos maiores da antiguidade, levou sete séculos para ser concluído, tendo o seu início no século VI a.C. Cada coluna mede 17,25 m de altura! Aristóteles, no seu texto Política, menciona o templo como um bom exemplo de como os tiranos mantinham a população ocupada e distraída com obras monumentais para que não tivesse tempo ou energia para rebeliões (esse estratagema, quem diria, já vem da Antiguidade!!!).
(6) Arco de Adriano

(7) Templo de Zeus Olímpico
Outro sítio arqueológico imperdível, a Ágora Antiga (8), era o centro do poder e da democracia ateniense e cenário das atividades políticas, legislativas sociais, culturais, esportivas e religiosas. Ali funcionavam os templos de adoração e o comércio, e era onde Sócrates, o "Pai da Filosofia", expunha suas ideias tão avançadas ("Sei que nada sei"). Além dele, passaram por lá: Platão (criador da utopia), Aristóteles ("O Filósofo", cujos ensinamentos serviram de base para a ciência ocidental), Péricles (governou por 30 anos, pois a sua inteligência e ideias liberais fizeram dele o maior líder democrático da Grécia, na chamada Idade de Ouro, de 479-429 a.C), Homero (autor de poemas épicos como "A Odisseia" e "A Ilíada", obras atemporais que têm atravessado os séculos, embora muitos acreditem que esse autor nem tenha existido!) e Alexandre o Grande (discípulo de Aristóteles, em 336 a.C, com apenas 20 anos, conquistou a Pérsia, Egito, Síria, Mesopotâmia e Índia, ufa!). E vale lembrar que também vêm da Grécia a democracia, a filosofia, a medicina, a ética, a estética, o teatro, a oratória (e mais tarde Zorba o Grego, o queijo feta, o iogurte e a moussaka!!!). Também neste sítio estão o bem preservado e suntuoso Templo de Hefestos (9) e a Biblioteca de Adriano. 

Essas construções continuam nos assombrando pela imponência e harmonia! Segundo o célebre jornalista e helenista espanhol, Ricardo Torrijos, "neste lugar, a promoção do homem, em sua forma mais sofisticada e completa, alcançou os mais altos níveis conseguidos na História, com a prática das mais nobres virtudes, vistas de uma ótica grega: a busca da sabedoria, a prática das belas artes e o cultivo do desenvolvimento corporal."

(8) Ágora Antiga
(9) Templo de Hefestos
Mais uma visita emocionante e cheia de História: o Estádio Panatenaico (10)! Finalizado em 566 a.C, passou por uma longa reforma para a realização dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896. Isto se deu graças ao empenho do Barão Pierre de Coubertin que, em 1894, organizou em Paris, a Conferência Olímpica Mundial. No ano de 2004, quando Atenas foi novamente escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, este estádio com capacidade para 68 mil espectadores foi o local de chegada da prova mais célebre, a maratona. 

Esta prova teve sua origem lendária na cidade grega de Olímpia, em 776 a.C. Conta a lenda grega que um soldado ateniense correu a distância de 40 km, entre a cidade de Maratona e Atenas, para avisar sobre a vitória dos exércitos atenienses contra os persas. Este soldado teria morrido de exaustão após cumprir esta missão! Nos jogos de 1896, em homenagem a este heroi grego, os organizadores resolveram criar esta prova, que a princípio tinha os 40 Km. A distância atual de 42,195 m foi fixada em 1908, em Londres, para que a família real britânica pudesse acompanhar o início da prova dos jardins do Palácio de Windsor! É, quem pode muda até uma lenda em causa própria...



(10) Estádio

Atleta recordista
Imperdível, também, é o Novo Museu da Acrópole (11), que foi fundado em 1878 e reinaugurado em junho de 2009. É uma esplêndida construção de 14.000 metros quadrados feita de vidro, mármore e cimento. Logo na entrada o visitante encontra um pavimento todo de vidro, sob o qual estão expostos vários objetos encontrados durante as escavações dessa nova parte do museu. Um bairro antigo inteiro passará a fazer parte do acervo, em breve!  É tanta História para um país tão pequeno e fragmentado em inúmeras ilhas, verdadeiro quebra-cabeça geográfico, que para nós mortais fica difícil imaginar o quanto os gregos realmente influenciaram o Ocidente, em tudo! 

(11) Novo Museu da Acrópole
Depois de tanta cultura, passar pelo Parlamento (12) para ver a troca da guarda, que é feita de hora em hora, pode ser bem divertido! Se puder escolha o domingo, que é o dia em que os guardas usam uniformes especiais. Seja como for, a experiência será no mínimo interessante, pois eles usam roupas e sapatos bem estranhos e marcham de maneira mais estranha ainda! A diversão se completa com o público que tira foto ao lado dos guardas, que não se mexem nem sorriem de forma nenhuma! Mas, apesar da cara séria, eles são bem engraçadinhos e parecem soldadinhos de chumbo (13)! Se você gostar e quiser copiar o modelito, os sapatos e os trajes usados por eles são vendidos em vários lugares turísticos de Atenas!!!


(12) Parlamento


(13) Guarda em frente ao Parlamento
Depois de tanta andança, deu fome, então a dica é escolher um restaurante em Plaka, Psiri ou Monastiraki, que são os bairros mais pitorescos e simpáticos na área do centro histórico. Aí é só escolher sua mesinha na calçada, tomar fôlego e pedir tudo de uma vez: bebida, entrada, prato principal e sobremesa! Consulte os oráculos para saber se você vai querer isso tudo mesmo, ou não. Na Europa, de uma maneira geral, é assim que a coisa funciona, mas em Atenas é pior... e ai de você se, depois de saborear o prato principal, resolver sem mais nem menos pedir a sobremesa! E foi aí que descobri que o ateniense é muito "marrento"!!! Nunca, jamais faça muitas perguntas, não mude de opinião, não queira saber onde fica o banheiro, não esqueça aberta a porta que dá para o salão refrigerado, não reclame da demora, não peça para experimentar a roupa!!! Chega a ser folclórico, e no final você até começa a achar divertido! 

Seis dicas gastronômicas de ouro: 1) peça a salada grega (14), primeiro porque você está na Grécia (dããããã), segundo porque é ma-ra-vi-lho-sa! Não há tomate que se compare ao grego (nem mesmo o italiano!), e o tal queijo feta, que aqui é absurdamente caro, lá é como se fosse o queijo de minas deles! O azeite também é divino, mas as azeitonas achei muito salgadas, a cebola roxa não arde e o pepino não me caiu mal!; 2) experimente a moussaka, que é um tipo de lasanha feita de camadas de berinjelas, carne, molho de tomate, queijo e azeitonas; 3) sabe o tal iogurte grego, que agora está super na moda por aqui? Lá é dos deuses olímpicos e tem sempre no café da manhã e nas ruas; 4) não deixe de comer o gyros, que é um sandubão com recheio de vários tipos de carne, a escolher entre frango, carneiro, porco ou vaca, tomate (ele de novo!), azeitonas, molho divino de iogurte, batata frita, alface, tudo enrolado num cone de pão pita, delicioso! 5) prove as baklavas, que são doces folheados e recheados de pistache, amêndoas e mel; 6) O vinho branco grego é especial, geladinho então, desce como água, tim-tim!!!  



(14) Salada Grega
As compras, ah as compras...traga muito olho grego, não há quem não goste (e não precise!), é bonito e barato. As joias de ouro e prata são famosas e lindas, as sandálias de couro também. Há lembranças de todos os preços e são muitas as lojas típicas para turistas. Porque afinal, eu adoro ser turista, e Sair por Aí (com trocadilho!).


Olho Grego para espantar mau olhado!


E por falar em sair por aí, na minha opinião a melhor maneira de conhecer uma cidade é a pé. Mas tenho uma estratégia de ação: no primeiro dia, quando ainda estou cansada e meio lerda, adoro fazer um sightseeing naqueles ônibus super coloridos de dois andares, os famosos Hop on / Hop off! Tem algo mais turistão do que isso??? Mas, eu SOU turista, então, por que não? E assim, instalada no 2º andar (faço questão!) dou uma geral na cidade (de cima!), anoto os lugares que mais gostei para voltar depois, com calma e tiro fotos de outros ângulos (lá nas alturas!). Esses ônibus são bem comuns nas capitais e cidades maiores e o sistema deles é muito bem bolado: compra-se o tíquete, que dura 24 ou 48 horas, e aí é só subir e descer à vontade, pois eles têm hora e local determinados para esse entra-e-sai. 



Outro hábito que tenho é de ficar no centro histórico (ou centro turístico), ou o mais próximo possível dele. Primeiro porque, como já disse, prefiro andar a pé do que usar ônibus ou metrô. Segundo porque eu já estarei perto das atrações turísticas, então vou aproveitar mais e gastar menos tempo e energia com deslocamentos. Mas é claro que muitas vezes fica mais caro, mas quando dá, vale muito a pena.

Quando ir: foi a primeira vez que viajei para a Europa na alta temporada (agosto-setembro), pois costumo ir em junho, na pré-temporada. Fui usando milhas e, por incrível que pareça, só tinha nessa data! Então, como queria ir para Mykonos e Santorini também, achei legal experimentar o verãozão de lá! Claro que nesta época tudo é mais cheio, mais caro, mais tudo, para o bem e para o mal! Mas resolvi arriscar, e posso dizer que adorei! Claro que nem tudo foram flores, Atenas estava muito quente e seca, bem diferente do nosso verão, que é úmido, então acho que gastei uns mil euros só comprando água!!! Por outro lado, tive várias surpresas agradáveis: 1) só peguei dias de sol, céu absurdamente azul e noites fresquinhas e estreladas; 2) tudo estava cheio sim, mas também muito alegre e descontraído, com mesinhas nas calçadas, gente de tudo quanto é país que você possa imaginar e sempre tinha lugar para todos; 3) os dias são bem mais longos, então aproveita-se mais; 4) a mala foi levinha, só com biquínis, shorts, camisetas, vestidos e sandálias Havaianas (que pasmem, custam entre 30 e 40 euros e é uma febre na Europa!); 5) o clima de gente-estou-de-férias-na-Grécia-no-verão, não tem preço, quer dizer, tem sim, é em euros, mas valeu cada centavo!!! 




Onde ficar: eu fiquei em Plaka, um bairro histórico, bem simpático e turístico. A minha rua era a Mitropoleos, muito bem localizada e perto de várias atrações turísticas, para onde fui a pé! Nos arredores, cheios de ruazinhas charmosas, há vários restaurantes com mesinhas nas calçadas, muitas lojinhas para turistas e bastante agito! Do Hotel Plaka, onde fiquei, eu tinha uma linda vista da Acrópole, especialmente do terraço onde era servido o delicioso e farto café da manhã! A localização é ótima e o staff é simpático e atencioso. No bairro Psiri vi o bonito Eridanus Art Hotel, não tão perto de Plaka, mais luxuoso e que também me pareceu muito bom. 

Bem, vou me despedindo de Atenas já com saudades dessa cidade mágica e enigmática, concordando plenamente com Nikos Kazantzakis, autor de Zorba, o Grego, quando ele afirma que "em nenhum outro lugar do mundo passa-se tão suavemente da realidade ao sonho"!!! Mas o sonho não acabou, pois amanhã cedo estou indo para Mykonos!!!