Olhando pela janela do avião, a culpa e a tristeza por ter deixado Atenas para trás, com tanta coisa ainda por conhecer nos seus arredores, logo começaram a se desvanecer! Mais um dia belíssimo, de céu claro e sem nuvens, e as ilhas lá embaixo, pertinho, mostrando seus contrastes entre o solo escuro e vulcânico, e o azul turquesa do mar e das piscinas dos hoteis!!! Como o percurso entre Atenas e Mikonos é feito em apenas 35 minutos, o avião não vai até a altitude de cruzeiro (uma benção para meus ouvidos!), então dava para ver tudo lá embaixo, com detalhes! Acho que as ilhas do arquipélago das Cíclades, de uma maneira geral, seguem à risca um 11º mandamento particular: "Pintarás tua casa de branco e as portas e janelas de azul, todos os anos, antes da chegada da alta temporada! E construirás, com o suor do teu trabalho de maio a outubro, uma linda piscina de borda infinita. E plantarás muitas buganvileas, para pincelar de carmim esse cenário bicolor... ", fiquei pensando nessa bobagem...
...e de repente ela, a ilha da fantasia do inconsciente coletivo, a quintessência do paraíso, arquétipo do prazer e da luxúria, começou a ficar maior, e maior, e nossa, ela é grande mesmo! Pouso perfeito, apesar da ventania, avistando o mítico Mar Egeu pela primeira vez! No pequeno aeroporto, uma lufada agradável nos deu as boas-vindas, e percebi que, finalmente, havíamos aterrissado num dos mais famosos e badalados ícones da Terra!
Ah, Mykonos...tão chique e sofisticada, mas ao mesmo tempo tão democrática e liberal, de gregos e troianos, dos gays e dos héteros, do jetset e da periguete, das famílias (sim!) e dos solteiros, e também de nós (eu e você), pessoas comuns e normais!!! Esta charmosíssima ilha é, de longe, a mais animada da Grécia e também a mais eclética, pois recebe todos os anos, de braços abertos, levas e mais levas de turistas de todas as tribos: desde os mais idosos, que descem dos enormes transatlânticos para passar apenas o dia, até os ricos e famosos, de fachada, de berço ou de ocasião. Também são bem-vindos, nessa alegre gaiola das loucas, os casais em lua-de-mel, os hippies e mochileiros, assim como os "mudernos" e antenados!
E os descolados são muitos, divididos em categorias distintas, a começar pelos 1) gays (=) fortões e bonitões, que são muito machos para sair, em plena luz do sol, com brilhos mil, camisetas e shortinhos apertadéssimos e seus indefectíveis óculos espelhados Ray Ban (um must have na ilha!); 2) as moças lindas de doer de inveja, com seus olhos claros e cabelões loiríssimos ao vento, pele bronzeada, roupas etéreas e brancas (sempre) e cara de tédio (como assim???); 3) os italianos típicos, maioria absoluta, que acham que a ilha é o quintal da nona deles, e que apesar de super fashion e metidos a latin lovers, são "espaçosos", falam alto e gesticulam muito (ok, nós também!); 4) as hordas de jovens de todo o mundo, alegres, independentes e deliciosamente inconsequentes, andando pra lá e pra cá naqueles quadriciclos barulhentos e "malas", que empacam e empatam nas ladeiras mikonianas; 5) e claro, os brasileiros, que são figurinha fácil por lá, como se o "lá" fosse logo ali, em Búzios, Itacaré, ou Jeri!
Se Mykonos fosse uma mulher, seria daquelas poderosas, de personalidade e atitude, que "causam" quando chegam, que são, que acontecem! Mas tudo muito cool, low profile, comme il faut numa it girl que se preze (se não entendeu, procura no google). Porque ela sabe tudo o que representa e, como toda mulher, tem mil e uma faces: é brejeira (sim!) e sensual, acolhedora e selvagem, escancarada e misteriosa, permissiva e recatada! Tem um lado que tudo pode, e outro mais recolhido, provinciano, até! Só mesmo neste lugar mágico é que o grego ortodoxo, de cabelos brancos, roupas escuras e barba encaracolada, convive harmoniosamente, e há anos, com essa fauna sazonal tãããão exótica!
Nossa, me excedi, vou dar um passeio pela cidade pra espairecer e cair no texto novamente! Só que o nosso hotel ficava lááááá no alto, embora pelas fotos não pareça (1ª foto acima, ao lado da seta vermelha)! Então era sempre uma aventura divertida o sobe-e-desce de lá até a cidade e vice-versa! E o passatempo era esse: se achar e se perder, no meio daquele labirinto de ruazinhas estreitas e super charmosas, com suas casinhas imaculadas e cúbicas, suas lojas e restaurantes super transados e infraestrutura de primeira! Mais uma vez escolhi ficar no centro, em Chora (se pronuncia "Rora", como rua), só que no topo, por causa da vista! É lá onde ficam a maioria dos hoteis, restaurantes, lojas, joalherias, galerias de arte, as típicas e charmosas ruazinhas, várias atrações turísticas e o agito.
No primeiro dia descemos até a orla, depois de nos perdemos muito, e fomos conhecer o Porto Novo e o Velho, num canto, e depois os famosos moinhos de vento e a romântica Little Venice, no outro canto. A beira-mar é fascinante e muito agradável, e percebi que, quanto mais brancas são as construções cúbicas da ilha, mais vibrantes e luminosas ficam todas as outras cores ao seu redor, especialmente as do céu e do mar!
Aliás, muito se tem dito a respeito dessa arquitetura tão singular de Mykonos, e do impacto que ela causa em seus visitantes. É que estamos tão acostumados com os estilos rebuscados e monumentais do passado, e também com os excessos futuristas do presente, que usa muito vidro, alumínio e concreto, que quando nos deparamos com algo assim tão complexamente simples e despretensioso, o efeito é realmente devastador em nossa psiquê!!! É tudo tão relaxante e acolhedor, que queremos nos mudar para lá para sempre, ter uma casa branca de portas e janelas azuis, com flores na janela, de preferência de frente para aquele marzão com seus 50 tons de azul!
Andando pela cidade descobri que, segundo a Mitologia Grega, Mykonos era neto de Apolo, o deus da beleza e da luz, e sua mãe era sobrinha de Dionísio (ou Baco), o deus do vinho e da alegria. O resultado não poderia ser outro: um lugar exuberante, repleto de cores, luzes e muita diversão! E pensar que o turismo começou a deslanchar de verdade somente após o término da II Guerra Mundial, quando o local serviu de porto para os aliados! Foi a partir daí que as suas belezas começaram a ser divulgadas mundo afora.
Mas isso não foi de imediato! Lá pelos idos de 1960, quando a ilha ainda não era destino dos voos da classe econômica, quem circulava por lá eram apenas os privilegiados passageiros de luxuosos iates, as estrelas de cinema, artistas plásticos e escritores em busca de inspiração. Algum tempo depois, juntamente com o primeiro serviço regular de balsas, começaram a desembarcar, também, os hippies e os mochileiros. E assim, pouco a pouco Mykonos foi se tornando um destino turístico popular e acessível, cumprindo sua predestinação de ser fashion!
A grande guinada aconteceu em 1973, quando o artista plástico Piero Aversa, The King of Mykonos, abriu o Pierro's Bar, direcionado especificamente para a comunidade gay. O lugar era muito chique, vivia lotado e acendeu a primeira centelha da transgressão e da liberalidade, retomando para a ilha toda a atenção que antes estava voltada apenas para a vizinha, Delos. E aí o boca-a-boca se encarregou de espalhar para o mundo as delícias deste lugar idílico e democrático. Com um público gay cada vez mais crescente e exigente, Mykonos também cresceu e apareceu!
Considerada por anos a fio como um destino predominantemente gay, nos últimos tempos a ilha tem conquistado novos visitantes: celebridades de vários segmentos, gente das artes, da moda e do design, que ajudaram a transformar o balneário numa espécie de Saint Tropez do Mar Egeu! Tudo isso graças à dupla personalidade da ilha, que oferece paisagens exuberantes e tranquilas para casais e famílias, de um lado, e uma vibe baladeira com uma frenética vida noturna, do outro!
Claro que isso tudo mudou consideravelmente os ares de Mykonos, e as casas simples de Chora começaram a dar lugar a charmosos hoteis, lojas, galerias de arte e elegantes restaurantes, e então esta pequena ilha se tornou uma referência em termos de refinamento e glamour! E hoje em dia, apesar de ter se transformado numa Babel pós-moderna, alegre e cosmopolita, que recebe celebridades de todos os quilates, este lugar mágico tem conseguido manter seu ar pacato de cidade do interior! Graças a Zeus!
Não que todo restaurante localizado num ponto turístico seja pegadinha, não é isso. Já fui em outros lugares super-hiper turísticos e comi muito bem. A questão é ter um mínimo de feeling e não estar esfomeado (era o meu caso!), pra sacar que pode ser roubada. É reparar na atitude do garçom (detalhe importante: em Mykonos eles são bem mais simpáticos do que em Atenas!), prestar atenção nos pratos das outras mesas (adoro fazer isso!) e dar sorte, também! Pra tentar fugir desse erro que cometi, pegue sempre sugestões nas revistas e nos guias de turismo, além de pedir dicas ao pessoal do hotel.
No dia seguinte, para compensar, tivemos um maravilhoso café da manhã, com o bônus da vista das fotos abaixo! Depois, pegamos o nosso lindinho Convertible Smart, que parece um cabritinho bravo, e finalmente fomos a la playa, ô, ô, ô, ô, ô! Acho que a combinação do solo vulcânico e areia branca, somada às águas cristalinas, com seus 50 tons de azul, mais o clima de para-sempre-férias, fez com que essas praias do Mar Egeu se tornassem realmente um lugar único e muito especial!
Eu recomendo alugar um carro para rodar à vontade pelas várias praias da ilha, pois as mais bonitas e badaladas ficam ao sul e a sudeste de Chora. Para dirigir por lá é necessário ter carteira internacional de habilitação e, acima de tudo, ser bom motorista nas ladeiras! Um carro como o Smart dá conta muito bem, pois ele é possante para subir as íngremes ladeiras de Mykonos, além de ter modelos hidramáticos, conversíveis e com ar-condicionado! Se for na alta temporada, é imprescindível fazer a reserva com bastante antecedência, e a diária nesta época é meio salgada: 78 euros, mas vale muito a pena. Não há necessidade de GPS, pois a ilha é bem sinalizada, então um mapa e um(a) copiloto(a) já são suficientes. No início, confesso que é um pouco confuso, pois todas as placas estão escritas primeiro em grego, e depois em inglês, mas a gente acaba se acostumando.
No segundo dia fomos às praias: 1) Elia, a 9 km de Chora, a primeira grata surpresa! Ela tem uma longa faixa de areia e de pedrinhas, água claríssima e muito azul. Pode ser alcançada de ônibus, tem uma boa estrutura e o trio barraca + duas espreguiçadeiras, que custam 12 euros; há uma área específica para o nudismo; 2) Kalo Livadi, outra praia com longa faixa de areia, tem crescido e aparecido, pois há cada vez mais acomodações, mas sem perder o charme e a quietude. Fica a 10 km de Chora e também pode ser alcançada de ônibus; 3) Agia Anna é uma prainha escondida e bem charmosa, com o trio de sempre, a 12 euros; saindo desta praia dá para ir a pé até 4) Kalafatis, que é linda e tem ótimos ventos para a prática do windsurf; 5) Agrari, a 7 km do centro, fica perto da Elia e tem uma bela folhagem circundando a área. Apesar de estar bem próxima de Super Paradise, não tem nem a fama nem os serviços da vizinha famosa, mas vale a visita.
Eu sei que neste exato momento você está se perguntando: como assim, 5 praias num só dia??? Ah, então acabou não curtindo nenhuma direito! Nãnãninãnã, muito pelo contrário! Como os dias de verão na Europa duram muito, com o sol se pondo às 9 da noite, dava pra curtir várias praias num mesmo dia, sim! Claro que eu também não ficava na cama até tarde, porque dormir em euros, eu hein, deixo pra dormir em casa! Também não frequentava as festinhas pós-praia, pois o meu estado civil não me permitia, então a opção era acordar cedo mesmo. E tinha outro detalhe crucial: pagar em cada praia 12 euros pelo trio barraca e 2 espreguiçadeiras + comida e bebida + o aluguel do carro + a gasolina (que é muito cara), faz as contas! Então escolhíamos uma praia para nos instalarmos, comer, beber, etc., e as outras para dar um mergulho e ficar menos tempo.
No dia seguinte, depois de muita ansiedade da minha parte, fomos finalmente às divas: Paradise, Super Paradise, as conhecidas party beaches, Paraga e Psarou, todas ao sul da ilha. Paradise e Super Paradise ficam uma ao lado da outra, são muito bonitas e simpáticas e é nelas que "tudo" acontece! De manhã, até umas 4 da tarde são calmas e sem vestígio algum do que virá mais tarde...
Começamos o dia por Super Paradise, onde ficamos por muito tempo, pois foi a praia que mais gostei. Meu marido não admite, mas sei que foi a praia que ele mais gostou também! Nessa hora tudo estava bem tranquilo, até demais! Lá tem um quiosque enorme e muito transado, com restaurante, lockers, banheiros com chuveiros, pois o povo emenda, e uma loja muito maneira. Nem de longe daria para imaginar a transformação que ocorreria dentro de poucas horas! Não é à toa que a "mascote" da praia é uma simpática serpente, com cara de safada (na 1ª foto abaixo, é a da direita!). O local específico dos gays e dos nudistas é o do lado direito, perto daquela piscina no alto. Vi somente um topless e um pelado, e mesmo assim de longe! Em homenagem à diversidade, fiz questão de usar meu sutiã arco-íris!
Ah, Mykonos...tão chique e sofisticada, mas ao mesmo tempo tão democrática e liberal, de gregos e troianos, dos gays e dos héteros, do jetset e da periguete, das famílias (sim!) e dos solteiros, e também de nós (eu e você), pessoas comuns e normais!!! Esta charmosíssima ilha é, de longe, a mais animada da Grécia e também a mais eclética, pois recebe todos os anos, de braços abertos, levas e mais levas de turistas de todas as tribos: desde os mais idosos, que descem dos enormes transatlânticos para passar apenas o dia, até os ricos e famosos, de fachada, de berço ou de ocasião. Também são bem-vindos, nessa alegre gaiola das loucas, os casais em lua-de-mel, os hippies e mochileiros, assim como os "mudernos" e antenados!
E os descolados são muitos, divididos em categorias distintas, a começar pelos 1) gays (=) fortões e bonitões, que são muito machos para sair, em plena luz do sol, com brilhos mil, camisetas e shortinhos apertadéssimos e seus indefectíveis óculos espelhados Ray Ban (um must have na ilha!); 2) as moças lindas de doer de inveja, com seus olhos claros e cabelões loiríssimos ao vento, pele bronzeada, roupas etéreas e brancas (sempre) e cara de tédio (como assim???); 3) os italianos típicos, maioria absoluta, que acham que a ilha é o quintal da nona deles, e que apesar de super fashion e metidos a latin lovers, são "espaçosos", falam alto e gesticulam muito (ok, nós também!); 4) as hordas de jovens de todo o mundo, alegres, independentes e deliciosamente inconsequentes, andando pra lá e pra cá naqueles quadriciclos barulhentos e "malas", que empacam e empatam nas ladeiras mikonianas; 5) e claro, os brasileiros, que são figurinha fácil por lá, como se o "lá" fosse logo ali, em Búzios, Itacaré, ou Jeri!
Bem-vindo em grego, fácil, não??? |
Nossa, me excedi, vou dar um passeio pela cidade pra espairecer e cair no texto novamente! Só que o nosso hotel ficava lááááá no alto, embora pelas fotos não pareça (1ª foto acima, ao lado da seta vermelha)! Então era sempre uma aventura divertida o sobe-e-desce de lá até a cidade e vice-versa! E o passatempo era esse: se achar e se perder, no meio daquele labirinto de ruazinhas estreitas e super charmosas, com suas casinhas imaculadas e cúbicas, suas lojas e restaurantes super transados e infraestrutura de primeira! Mais uma vez escolhi ficar no centro, em Chora (se pronuncia "Rora", como rua), só que no topo, por causa da vista! É lá onde ficam a maioria dos hoteis, restaurantes, lojas, joalherias, galerias de arte, as típicas e charmosas ruazinhas, várias atrações turísticas e o agito.
No primeiro dia descemos até a orla, depois de nos perdemos muito, e fomos conhecer o Porto Novo e o Velho, num canto, e depois os famosos moinhos de vento e a romântica Little Venice, no outro canto. A beira-mar é fascinante e muito agradável, e percebi que, quanto mais brancas são as construções cúbicas da ilha, mais vibrantes e luminosas ficam todas as outras cores ao seu redor, especialmente as do céu e do mar!
Aliás, muito se tem dito a respeito dessa arquitetura tão singular de Mykonos, e do impacto que ela causa em seus visitantes. É que estamos tão acostumados com os estilos rebuscados e monumentais do passado, e também com os excessos futuristas do presente, que usa muito vidro, alumínio e concreto, que quando nos deparamos com algo assim tão complexamente simples e despretensioso, o efeito é realmente devastador em nossa psiquê!!! É tudo tão relaxante e acolhedor, que queremos nos mudar para lá para sempre, ter uma casa branca de portas e janelas azuis, com flores na janela, de preferência de frente para aquele marzão com seus 50 tons de azul!
Andando pela cidade descobri que, segundo a Mitologia Grega, Mykonos era neto de Apolo, o deus da beleza e da luz, e sua mãe era sobrinha de Dionísio (ou Baco), o deus do vinho e da alegria. O resultado não poderia ser outro: um lugar exuberante, repleto de cores, luzes e muita diversão! E pensar que o turismo começou a deslanchar de verdade somente após o término da II Guerra Mundial, quando o local serviu de porto para os aliados! Foi a partir daí que as suas belezas começaram a ser divulgadas mundo afora.
Mas isso não foi de imediato! Lá pelos idos de 1960, quando a ilha ainda não era destino dos voos da classe econômica, quem circulava por lá eram apenas os privilegiados passageiros de luxuosos iates, as estrelas de cinema, artistas plásticos e escritores em busca de inspiração. Algum tempo depois, juntamente com o primeiro serviço regular de balsas, começaram a desembarcar, também, os hippies e os mochileiros. E assim, pouco a pouco Mykonos foi se tornando um destino turístico popular e acessível, cumprindo sua predestinação de ser fashion!
A grande guinada aconteceu em 1973, quando o artista plástico Piero Aversa, The King of Mykonos, abriu o Pierro's Bar, direcionado especificamente para a comunidade gay. O lugar era muito chique, vivia lotado e acendeu a primeira centelha da transgressão e da liberalidade, retomando para a ilha toda a atenção que antes estava voltada apenas para a vizinha, Delos. E aí o boca-a-boca se encarregou de espalhar para o mundo as delícias deste lugar idílico e democrático. Com um público gay cada vez mais crescente e exigente, Mykonos também cresceu e apareceu!
Considerada por anos a fio como um destino predominantemente gay, nos últimos tempos a ilha tem conquistado novos visitantes: celebridades de vários segmentos, gente das artes, da moda e do design, que ajudaram a transformar o balneário numa espécie de Saint Tropez do Mar Egeu! Tudo isso graças à dupla personalidade da ilha, que oferece paisagens exuberantes e tranquilas para casais e famílias, de um lado, e uma vibe baladeira com uma frenética vida noturna, do outro!
Claro que isso tudo mudou consideravelmente os ares de Mykonos, e as casas simples de Chora começaram a dar lugar a charmosos hoteis, lojas, galerias de arte e elegantes restaurantes, e então esta pequena ilha se tornou uma referência em termos de refinamento e glamour! E hoje em dia, apesar de ter se transformado numa Babel pós-moderna, alegre e cosmopolita, que recebe celebridades de todos os quilates, este lugar mágico tem conseguido manter seu ar pacato de cidade do interior! Graças a Zeus!
Quando chegamos lá embaixo, a cidade estava bem cheia e muito alegre, céu claro, brisa gostosa, comprinhas, fotos, por do sol de cinema, mais fotos, mas teve uma roubada por minha culpa: jantamos num daqueles restaurantes à beira mar, perto dos moinhos, e foi muito ruim! A comida era de carregação, do tipo engana-turista-trouxa, então não caia nessa, tome no máximo um drink, e só! Mas é que a vista de lá estava tão linda e romântica...quem manda ser piegas, é nisso que dá!
No dia seguinte, para compensar, tivemos um maravilhoso café da manhã, com o bônus da vista das fotos abaixo! Depois, pegamos o nosso lindinho Convertible Smart, que parece um cabritinho bravo, e finalmente fomos a la playa, ô, ô, ô, ô, ô! Acho que a combinação do solo vulcânico e areia branca, somada às águas cristalinas, com seus 50 tons de azul, mais o clima de para-sempre-férias, fez com que essas praias do Mar Egeu se tornassem realmente um lugar único e muito especial!
Eu recomendo alugar um carro para rodar à vontade pelas várias praias da ilha, pois as mais bonitas e badaladas ficam ao sul e a sudeste de Chora. Para dirigir por lá é necessário ter carteira internacional de habilitação e, acima de tudo, ser bom motorista nas ladeiras! Um carro como o Smart dá conta muito bem, pois ele é possante para subir as íngremes ladeiras de Mykonos, além de ter modelos hidramáticos, conversíveis e com ar-condicionado! Se for na alta temporada, é imprescindível fazer a reserva com bastante antecedência, e a diária nesta época é meio salgada: 78 euros, mas vale muito a pena. Não há necessidade de GPS, pois a ilha é bem sinalizada, então um mapa e um(a) copiloto(a) já são suficientes. No início, confesso que é um pouco confuso, pois todas as placas estão escritas primeiro em grego, e depois em inglês, mas a gente acaba se acostumando.
No segundo dia fomos às praias: 1) Elia, a 9 km de Chora, a primeira grata surpresa! Ela tem uma longa faixa de areia e de pedrinhas, água claríssima e muito azul. Pode ser alcançada de ônibus, tem uma boa estrutura e o trio barraca + duas espreguiçadeiras, que custam 12 euros; há uma área específica para o nudismo; 2) Kalo Livadi, outra praia com longa faixa de areia, tem crescido e aparecido, pois há cada vez mais acomodações, mas sem perder o charme e a quietude. Fica a 10 km de Chora e também pode ser alcançada de ônibus; 3) Agia Anna é uma prainha escondida e bem charmosa, com o trio de sempre, a 12 euros; saindo desta praia dá para ir a pé até 4) Kalafatis, que é linda e tem ótimos ventos para a prática do windsurf; 5) Agrari, a 7 km do centro, fica perto da Elia e tem uma bela folhagem circundando a área. Apesar de estar bem próxima de Super Paradise, não tem nem a fama nem os serviços da vizinha famosa, mas vale a visita.
Eu sei que neste exato momento você está se perguntando: como assim, 5 praias num só dia??? Ah, então acabou não curtindo nenhuma direito! Nãnãninãnã, muito pelo contrário! Como os dias de verão na Europa duram muito, com o sol se pondo às 9 da noite, dava pra curtir várias praias num mesmo dia, sim! Claro que eu também não ficava na cama até tarde, porque dormir em euros, eu hein, deixo pra dormir em casa! Também não frequentava as festinhas pós-praia, pois o meu estado civil não me permitia, então a opção era acordar cedo mesmo. E tinha outro detalhe crucial: pagar em cada praia 12 euros pelo trio barraca e 2 espreguiçadeiras + comida e bebida + o aluguel do carro + a gasolina (que é muito cara), faz as contas! Então escolhíamos uma praia para nos instalarmos, comer, beber, etc., e as outras para dar um mergulho e ficar menos tempo.
No dia seguinte, depois de muita ansiedade da minha parte, fomos finalmente às divas: Paradise, Super Paradise, as conhecidas party beaches, Paraga e Psarou, todas ao sul da ilha. Paradise e Super Paradise ficam uma ao lado da outra, são muito bonitas e simpáticas e é nelas que "tudo" acontece! De manhã, até umas 4 da tarde são calmas e sem vestígio algum do que virá mais tarde...
Começamos o dia por Super Paradise, onde ficamos por muito tempo, pois foi a praia que mais gostei. Meu marido não admite, mas sei que foi a praia que ele mais gostou também! Nessa hora tudo estava bem tranquilo, até demais! Lá tem um quiosque enorme e muito transado, com restaurante, lockers, banheiros com chuveiros, pois o povo emenda, e uma loja muito maneira. Nem de longe daria para imaginar a transformação que ocorreria dentro de poucas horas! Não é à toa que a "mascote" da praia é uma simpática serpente, com cara de safada (na 1ª foto abaixo, é a da direita!). O local específico dos gays e dos nudistas é o do lado direito, perto daquela piscina no alto. Vi somente um topless e um pelado, e mesmo assim de longe! Em homenagem à diversidade, fiz questão de usar meu sutiã arco-íris!
Super Paradise antes das 16 horas!
Depois seguimos para Paradise, a mais famosa das famosas! Esta foi a primeira praia de Mykonos a oferecer um local especialmente para os nudistas, além de ser mundialmente conhecida por suas festinhas pra lá de animadas! Aliás, muito do que a ilha representa há tempos, um cobiçado e idolatrado destino turístico, deve a esta praia! Ela é facilmente alcançada de ônibus ou barco, e durante o dia é bem tranquila, frequentada por casais e famílias. A sua faixa de areia em meia lua esconde, com árvores e ombrelones, uma big discoteca onde os agitos prometem! E cumprem! Ficamos um bom tempo nas nossas espreguiçadeiras maravilhosas, olhando a vida passar, e juro, vi somente um topless, nenhum pelado, e uns poucos gays.
De lá fizemos uma travessia para Paraga, andando por cima das pedras, saboreando uma vista deslumbrante! Lá estava lotado, sol a pino, então ficamos num restaurante com piscina, muito agradável, com uma bela vista do alto, bom atendimento e uma ótima comida! A 3ª foto abaixo mostra Psarou uma bela praia de areia branca e encostas verdes, cercada de tabernas e hoteis charmosos, mas extremamente seletivos! É lá que ficam os ricos e famosos, com suas lanchas poderosas!
Agora vejam a transformação que acontece a partir das 16 horas! Não, não fui eu que tirei essas fotos, infelizmente. Não, eu não estava lá. Mas bem que queria, pelo menos pra saber como é!
Depois de mais um dia de muita praia, uma mais linda do que a outra, voltamos exaustos mas felizes para o nosso hotel, para dessa vez ver o por do sol de lá.
E valeu a pena! Aliás, o Hotel Vencia, onde ficamos, foi um caso de amor à primeira vista, desde que o achei por acaso numa pesquisa na internet! Para esta viagem tão sonhada, o hotel teria que acompanhar as minhas expectativas, e ele não me decepcionou! O que mais me chamou a atenção, de cara, foi a linda piscina de borda infinita, com uma vista privilegiada de Chora, com as suas casinhas brancas, os moinhos de vento e o marzão lá embaixo. Depois foram as inúmeras críticas favoráveis no Tripadvisor, que é meu fiel guia virtual, para qualquer lugar para onde vou, seja no Brasil, seja no exterior. Aí realmente decidi que seria lá que ficaríamos quando vi as fotos abaixo, tiradas por Dimitris, o barman búlgaro do hotel, que nos preparou drinks maravilhosos! Acrescento que o serviço e a hospitalidade foram excelentes, assim como o café da manhã e o jantar ao por do sol! Um bônus oferecido pelo estabelecimento foi a sua localização, primeiro pelo visual incrível, depois pela aeróbica grátis, ladeira abaixo, ladeira acima, o que nos permitiu comer e beber sem nóia, culpa ou quilos a mais!
No 4º dia entregamos o carro no hotel e depois descemos até o Porto Antigo, para pegar o nosso barco em direção a Delos, um dos sítios arqueológicos mais significativos da Grécia. Esta atração imperdível fica a apenas 40 minutos do porto de Chora, e é era ali que ficavam os famosos Oráculo de Delos e o Santuário de Apolo. Os cultos aos deuses começaram em 1400 a.C, mas o seu apogeu foi no século VII a.C, período em que o lugar destacou-se como o maior porto comercial e o mais importante centro religioso do Mar Egeu. Nesta época a sua população era de 30 mil habitantes, e lá foram erguidos o Terraço dos Leões e a estátua de Apolo.
Segundo a Mitologia, Zeus, que era um mulherengo incorrigível, engravidou Leto, que com medo da ira da esposa ciumentíssima dele, Hera, buscou refúgio nesta ilha eternamente escondida por brumas, para dar à luz a seus dois filhos, Apolo e Artemis, a deusa da caça. Quando Hera descobriu mais esta infidelidade do marido, aliou-se a deusa do nascimento para que esta prolongasse, por 9 dias, as dores do parto da sua rival. Quando as crianças finalmente nasceram, a neblina que cobria a ilha desapareceu e o nome do lugar mudou de Adelos (invisível) para Delos (visível). A lenda fez com que a ilha se tornasse um local de peregrinação e, antes de tomar qualquer decisão importante, muitos guerreiros e governantes iam primeiro a Delos, para consultar o seu oráculo sagrado. Em 1873, quando arqueólogos franceses começaram as escavações, desenterraram uma cidade completa, rica, elegante e influente, que um dia lá existiu. As ruínas trouxeram à tona terraços, templos, portos, mercados, ginásios, um teatro, praças e imponentes residências. As casas possuíam belas colunas de mármore e o chão era adornado por ricos mosaicos, que resistiram ao tempo e às intempéries! Este incrível museu a céu aberto foi tombado pela UNESCO, como Patrimônio da Humanidade, em 1990. Hoje, além das ruínas, há na ilha um interessante museu, uma lanchonete e uma loja. Não é permitido pernoitar, nem mesmo ficar em embarcações nas imediações da costa da ilha, após as 15:00 horas. Os trabalhos dos arqueólogos seguem em frente, alimentando os museu e a nossa imaginação, com pedaços dessa milenar História! |
Aproveitei que estava ali e fiz uma consulta ao Oráculo Sagrado, para saber o que os deuses estavam reservando para mim em Santorini, o meu próximo destino! Quer saber o que foi que ele me revelou? Então não perca o meu próximo post!