sexta-feira, 28 de novembro de 2014

#TEVE-COPA-E-A-MELHOR-DE-TODAS

NÃO VAI TER COPA! NÃO VAI TER COPA! Essas quatro palavras não saíam da minha cabeça, como um mantra maligno a me tirar o sono e a paz! E eu, que estava tão animada com os vários alugueis confirmados, com tantos turistas estrangeiros ansiosos por conhecer o Brasil, e principalmente o Rio de Janeiro…eu, que já tinha ficado “amiga” de muitos deles, pois um ano antes da Copa eles já haviam feito as suas reservas e nossas conversas por telefone, e-mail e whatsapp foram se tornando cada vez mais frequentes!!! E agora, o que iria acontecer? O que eu poderia fazer? Cada vez mais o estresse e as incertezas foram se somando, numa TPM (TENSÃO PRÉ-MUNDIAL) crescente e insuportável!!!
 
Eu trabalho com aluguel por temporada há cinco anos, e por causa da Copa do Mundo, além dos meus imóveis administrei mais seis, de amigas que se interessaram pela oportunidade imperdível de ganhar um extra (e bota extra nisso!), por conta deste grandioso evento, que estava atraindo a atenção de muitos turistas ao redor do mundo! A paixão pelo futebol, aliada à curiosidade de conhecer um destino “exótico” e ensolarado, com um povo simpático e atencioso, formaram a mistura perfeita para essa bem-vinda invasão estrangeira!
Dizem que a audiência global de uma Copa do Mundo gira em torno de 2,5 a 3 bilhões (isso mesmo, BILHÕES!) de telespectadores! Muito interessante, quase inacreditável, mas agora este dado só servia para me atormentar ainda mais! Imagina esse povo todo vendo, em tempo real, e por várias mídias diferentes, o grande fracasso da nossa Copa? Não só os estádios, os aeroportos e os meios de transportes não estavam totalmente prontos, como também pairava no ar a grande ameaça das manifestações de rua, que botariam tudo a perder!
E aí veio a inevitável e já esperada enxurrada de e-mails, mensagens de whatsapp e telefonemas da “gringolândia”, assustadíssima com as más notícias que repercutiam lá fora, como uma bomba relógio prestes a explodir!!! Mal sabiam que eu aqui estava muito mais apavorada do que eles lá! Juro que a minha preocupação maior, num primeiro momento, não foi com a possibilidade deles desistirem e cancelarem tudo, mas sim com a péssima imagem que o nosso país mostrava para o mundo! Atrasos em obras ou até a não conclusão delas e greves de funcionários aconteceram em quase todas as Copas anteriores, mas mortes de operários e manifestações violentas de um povo descontente, em várias cidades do país, só houve por aqui!
Esclareço logo que o meu relato aqui é puramente turístico, então não me cabe ir fundo por nenhuma linha política, sobre se fui/sou contra ou a favor das manifestações, mas penso que tivemos bastante tempo para reclamar antes, então na minha opinião já era tarde demais para isso! E eu, particularmente, queria muito que o evento acontecesse da melhor maneira possível, pois aaaamo futebol! E esta seria uma experiência única!
Pois bem, os dias foram passando, a minha aflição só aumentando e eu botando panos quentes ao responder as inúmeras mensagens que me chegavam. Eu falava do contingente extra de reforços estaduais, municipais e federais quanto ao policiamento das ruas e dos estádios. OK, eles foram se aquietando, mas eu não!!! E foi aí que, por coincidência das coincidências (será?), encontrei uma amiga justamente num dia de muito baixo-astral da minha parte, por conta das manchetes negativas em vários jornais e revistas importantes mundo afora. A renomada revista France Football, a mais respeitada sobre o assunto, no mundo, e que sempre traz capas ilustradas com imagens de lances sensacionais, gols, troféus, torcidas animadas, chegou ao cúmulo de sair com uma edição com a capa preta, num sinal de luto! O artigo falava da eminente ameaça de não ter Copa do Mundo no Brasil, por causa da revolta da população contra os superfaturamentos das obras pelos políticos e empreiteiras, etc, etc. A gente sabia que quase tudo era verdade, mas esta capa preta com a manchete “O Mundial do Medo”(Peur sur le Mondial), com a bandeira do Brasil na letra “o”, me deixou muito, muito mal… Abaixo do título se lia: “Atingido por uma crise econômica e social, o Brasil está longe de ser aquele paraíso imaginado pela FIFA para organizar uma Copa do Mundo. A menos de cinco meses do mundial, o Brasil virou uma terrível fonte de angústia”. Para mim também!!!
A revista alemã Der Spiegel também publicou uma edição que trazia na capa uma Brazuca pegando fogo e cruzando o céu da Baía de Guanabara! Dentro, vinha uma reportagem de dez páginas, assinada por Jens Glüsing, cuja manchete era A morte e os jogos. Era um alerta explícito sobre os riscos que rondavam o Mundial. Dali em diante, muitas outras publicações, nacionais e internacionais, adotaram a mesma linha pessimista, apontando falhas em estádios, aeroportos e esquemas de segurança. Um baixo astral só…
Voltando à minha amiga, ela trabalha num órgão importante do governo e é uma pessoa muito séria, honesta e fidedigna, e me disse que a população não tinha ideia do esquema monumental que sempre está por trás da organização da Copa do Mundo, em termos de infra-estrutura, logística e segurança. Segundo ela, que fazia parte desta engrenagem, numa missão super, ultra, mega top-secret (tão secret que ela nem pôde me dar detalhes mais profundos!), a FIFA tem um staff fixo há anos, com pessoas de vários lugares do mundo especializadas em inteligência e contra-terrorismo, especificamente para grandes eventos. Tudo o que ela me dizia era meio vago e não podia ser mais aprofundado por medidas de segurança, mas me foi dito com tanta ênfase e credibilidade, que realmente saí do nosso encontro muito mais leve e tranquila!
Depois disso, finalmente passei a ter mais serenidade e foco para receber os meus hóspedes da melhor maneira possível, como eles mereciam, ufa! Aí então, com muito mais entusiasmo, comecei a preparar para eles um “Kit Copa”, que consistia em uma sacola com as bandeiras de todos os países que participaram do campeonato, um DVD com incríveis imagens aéreas da cidade do Rio de Janeiro, um guia turístico bilíngue + mapa da cidade, chaveiros do Fuleco (o tatu-bola que era a nossa mascote), um bowl com a bandeira do Brasil e vários pacotes de pipoca. Ah, também apresentei o nosso famoso Guaraná Antártica, e eles amaram!
 
A maioria dos meus hóspedes era composta por americanos (19), seguidos por ingleses (12), franceses (7), canadenses (5), australianos (4), brasileiros (4) alemães (2), colombianos (2), venezuelanos (2), escocês (1: louco por cerveja e pelo futebol brasileiro) e um único casal argentino! Sobre os americanos, o meu maior contingente, fiquei particularmente surpresa em ver como eles adoram futebol e como este esporte está crescendo cada vez mais nos Estados Unidos! Nesta última Copa a audiência do jogo USA 2 x Portugal 2 superou as do campeonato de basquete da NBA e do campeonato de beisebol de 2013!!! Até o presidente Barack Obama foi filmado assistindo ao jogo entre o seu país e a Alemanha, a bordo do Air Force One! É, eles estão tomando gosto e em breve vão começar a apresentar bons resultados e a atrapalhar muita gente…
O primeiro grupo de americanos a chegar ao Brasil, no dia 14/06, era composto por pai (treinador de futebol), mãe, filho de 12 anos e filha de 10, sendo que as duas crianças jogavam futebol desde bem pequenas. Todos chegaram vestidos com a camisa oficial da nossa seleção, e especialmente a menina era um “arraso” com a bola! Esta era a terceira Copa do Mundo que o casal assistia in loco e a primeira das crianças! Fiquei surpresa e lisonjeada com a simpatia, o conhecimento e a paixão que eles têm pelo nosso futebol. Tanto que Emily, a mãe, escreveu um artigo para o jornal da cidade dela contando sobre a experiência vivida por eles no nosso país. Num determinado trecho ela diz: “…So we started planning what would be one of the most amazing experiences of our lives!” (e então nós começamos a planejar o que seria uma das melhores experiências das nossas vidas!). O restante do texto na íntegra e com fotos vale a pena ser lido, principalmente para elevar a nossa auto-estima!!! Veja a simpática família abaixo:
A família chegou bem cedo e já havia uma van esperando por eles no aeroporto, com um motorista muito simpático que eu indiquei. Antes de seguirem para o apartamento que haviam alugado, o motorista passou primeiro pela minha casa para me apanhar, e assim fomos todos juntos para Copacabana. Eram 7 horas em ponto, de uma manhã ensolarada e muitíssimo clara quando entramos na Av. Atlântica pelo Posto 6, com o Pão de Açúcar e aquele marzão azul à direita, e então uma sequência de Wow!, Look that!, Oh my God!, Unbelievable! foram ouvidos por todo o trajeto! Parece que foi combinado, pois àquela hora de uma manhã de sábado a praia já estava lotada de gente alegre e descontraída, andando pra lá e pra cá, pedalando, praticando esportes, inclusive o “soccer”, colorindo ainda mais o calçadão! Contei essa história toda só para dizer que há muito tempo eu mesma não passava pela praia de Copacabana tão cedo, numa manhã tão radiante, e que essa visão também me surpreendeu e também me fez repetir baixinho, para mim mesma, só que em português, os mesmos Uau!, Olha isso! Meu Deus!, Inacreditável! Se eu estava maravilhada com a luz, o brilho, o céu muito azul, a paisagem, a animação, o alto astral, imagina os americanos?
E foi assim que aconteceu, gringo após gringo, TODOS, sem exceção, se rendendo à beleza exuberante do Brasil e da nossa cidade, e se surpreendendo, também, com a nossa hospitalidade e simpatia! Que o Rio de Janeiro é lindo e o brasileiro super receptivo e bom anfitrião, a gente já sabia, então não haveria como não ser de outra maneira, certo?! Porém, naqueles meses que antecederam a Copa o astral estava bem pesado, o brasileiro estava assustado, as ameaças pairando no ar e aumentando a tensão…tudo parecia que ia dar errado, que a Copa realmente não aconteceria, ou que seria um verdadeiro fracasso por conta da nossa desorganização e, principalmente, pela falta de infra-estrutura e segurança.
Mas aí aconteceu o que aconteceu pelo Brasil afora, aquele show de simpatia e hospitalidade que o mundo viu e que deixou em segundo plano os vários “deslizes” que foram aparecendo pelo caminho! Acho que no nosso inconsciente coletivo se impregnou, espontaneamente, a ideia de que, já que os políticos não fizeram a parte deles, nós é que não deixaríamos de fazer a nossa. Então nós faríamos bem feito! E como caprichamos! E foi aí que ganhamos, de 1000 x 0, jogando contra esses políticos corruptos e incompetentes, que se apropriaram indevidamente da nossa paixão nacional, o futebol, para tirar proveito em causa própria, e encher os respectivos bolsos! E, apesar desses reincidentes pesares, a Copa foi um sucesso na mídia mundial e as matérias sobre os problemas deram espaço à cobertura de uma verdadeira festa, exibindo provas de que o país do futebol foi realmente capaz de sediar o maior evento esportivo do mundo! E aqui entra, finalmente, o meu relato pessoal de que teve Copa sim, e muito, muito mais!
Bem, com doses cavalares de masoquismo, minha aflição já começou em janeiro deste ano, e foi aí que tive a boa ideia de juntar todos os hóspedes que estavam com a vinda confirmada, para juntos sairmos numa excursão particular pelo Rio de Janeiro, mas seguindo por lugares diferentes dos que são largamente oferecidos pelos “city tours da vida”. Queria mostrar para eles que a Copa do Mundo poderia até não dar certo, mas que ter vindo conhecer a Cidade Maravilhosa já teria valido muito a pena. Pretensioso demais, não? Também achei, mas respirei fundo, pisei no acelerador e fui em frente! E “Seja o que Deus quiser, e Ele há de querer” passou a ser o meu novo mantra!
Aí aluguei uma van, tive a sorte de neste pacote ter vindo um ótimo motorista e juntos montamos um roteiro porreta, que fugiria do bom e velho clichê praia-Cristo-Redentor-Pão-de-Açúcar, pois isso qualquer turista poderia fazer por conta própria. Eu queria mais, muito mais! Queria que eles saíssem impactados, desbundados com as nossas paisagens maravilhosas, lá de cima, do meio do verde! Então, o nosso roteiro começaria pela Lagoa Rodrigo de Freitas em direção às Paineiras, tendo como primeira parada estratégica o Mirante Dona Marta, pra já dar um “choque de beleza” quase fulminante na gringolândia.
 
 
E assim foi! E os pobrezinhos capitularam frente àquele Pão de Açúcar enoooorme, que quase dava pra tocar, bem em frente a eles!!! Não satisfeita, eu ainda tinha o Cristo Redentor do outro lado pra mostrar, assim como quem não quer nada: “Ah, olha lá uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno…”. “Como assim, de um lado o Pão de Açúcar e do outro o Cristo Redentor, tudo no mesmo lugar???”, perguntaram perplexos! “Pois é… bacana, né?” respondi sonsamente displicente…
Quase me arrependi da “maldade”, porque foi muito difícil arrancar meus 20 hóspedes de lá para seguir em frente! Quando finalmente conseguimos botar todo mundo de novo dentro da van, seguimos rumo à Mesa do Imperador, Vista Chinesa e Floresta da Tijuca, “a maior floresta urbana do mundo, sabiam?” Pois é, eles não sabiam, assim como não sabiam muitas outras coisas sobre o país e a cidade. Esperando perguntas mil, preparei e distribui previamente um pequeno histórico sobre o país e a nossa cidade! Era um texto de 2 páginas apenas, que deu super certo! Até porque não sou guia de turismo, já saí da escola há algum tempinho e a minha proposta era me divertir também, e não dar uma aula de História do Brasil!
E a cada nova parada era aquele mesmo sofrimento para fazer com que eles voltassem pra dentro da van! E então, umas mil fotos depois, seguimos em direção à Barra da Tijuca, pegando o litoral até a Prainha, última parada antes do almoço. E mais surpresas eles tiveram, vendo um litoral tão extenso, urbano e agreste ao mesmo tempo! E o passeio culminou num restaurante com uma vista deslumbrante da Restinga de Marambaia, e onde há, além disso, uma comida boa, farta, variada, típica e com preços honestos! O grupo que gostava de frutos do mar amou a nossa famosa moqueca com pirão (da farofa, heresia das heresias, eles não gostaram!); o grupo dos carnívoros se fartou com a nossa não menos suculenta e campeã picanha! Até a única vegetariana do grupo se regalou com uma enorme e sortida salada! E todos, sem exceção, adoraram os pasteis de siri e catupiry, como entrada, e o nosso unânime e absoluto brigadeiro, de sobremesa!
A minha sensação ao sairmos de lá foi a de dever cumprido com louvor, onde nem o cansaço atrapalhou! E sobre a Copa, de uma maneira geral, apesar de ter trabalhado muito, consegui me divertir bastante, ganhar um dinheiro extra e ainda fiz vários e bons amigos, sendo que os mais especiais foram: um escocês super carioca, amante do futebol brasileiro, que quase chorou quando eu lhe dei de presente um DVD com os melhores momentos da Copa de 70, sua preferida e razão do início da tal paixão por Pelé e companhia; um casal americano que amou a nossa terra, a nossa casa, a nossa gente e, principalmente, a nossa feijoada!; um casal de alemães muito doces, assim como a sua seleção, e cuja amizade não foi abalada nem pela humilhante surra que levamos daqueles flamenguistas europeus!!! E, como a Copa já estava começando a fazer sucesso na mídia nacional e internacional, daquele dia em diante foi só relaxar e aproveitar!
Conclusões importantes pós Copa:
1) Nunca mais vou sofrer por antecedência como sofri este ano, mesmo que todas as estatísticas e previsões do mundo digam que não vai dar certo! Aliás, eu tinha a obrigação de saber disso, pois em 2009 o Fluminense tinha 98% (noventa e oito por cento!!!) de chance de cair para e 2ª divisão, e não caiu, contrariando todas as estatísticas! E teve Copa! E a melhor de todas!
2) Agora, vou relaxar e me preparar para as Olimpíadas, primeiro porque do grande contingente de turistas que vieram ao Brasil, 74% deles ficaram na nossa cidade; segundo porque todos os meus hóspedes que vieram ao Rio de Janeiro saíram super bem impressionados e afirmaram que vão recomendar aos amigos e que pretendem voltar num futuro próximo!

3) Todos os meus 5 hóspedes canadenses, que moram em Vancouver, uma cidade pra lá de simpática, bonita e agradável, eleita diversas vezes como o melhor lugar do mundo para se viver, afirmaram que gostariam de morar aqui no Rio de Janeiro, encantados que ficaram com as praias, a alegria, a comida e o calor da cidade e dos cariocas! Ouvi o mesmo discurso de mais 4 ingleses e 4 americanos! Esses mesmos canadenses já participaram de 6 (sim, SEIS!!!) Copas do Mundo e TODOS disseram que a nossa foi a melhor de todas, disparado!!! Também ouvi isso de mais 9 americanos! Sendo assim, Olimpíadas 2016, aqui vamos nós de novo!
Fatos relevantes:
1) Para a grande maioria dos jornalistas estrangeiros, “a Copa do Mundo tem que ser sempre no Brasil”! Não sou só eu que penso isso, mas também o Financial Times, que numa bem humorada reportagem de Simon Kuper, intitulada “Why Brazil’s already won” (Porque o Brasil já ganhou), destaca o que já era de amplo conhecimento: a Copa no Brasil foi um triunfo! Em seu artigo, Simon, que já participou de 7 Copas do Mundo consecutivas, afirma também que “os brasileiros são um povo encantador. O francês rosna para você. O inglês ignora você. O brasileiro sorri e dá um tapa nas suas costas. Para os jornalistas estrangeiros, cobrir a Copa nas cidades com praias foi uma experiência única”. Ele também listou as causas do nosso sucesso: 1) o sol (ok, para um inglês isso já seria uma vitória e tanto!); 2) as praias, pois ele declarou que: “Passeando em Copacabana, você percebe que uma praia de primeira linha deve ser um elemento obrigatório em todas as Copas do Mundo futuras”; 3) os brasileiros!
2) O Brasil saiu muito bem na foto! Não tivemos caos nos aeroportos (confirmei isto com todos os meus hóspedes!), os estádios ficaram quase todos prontos, os turistas vieram, se divertiram e ficaram satisfeitos com os serviços! Até as manifestações de rua se arrefeceram e os problemas que existiram, tais como filas, falta de comida e as invasões nos estádios, foram todos por culpa da FIFA, responsável direta pela administração desses serviços.
3) Segundo o Portal Brasil, os visitantes internacionais deixaram no nosso país US$ 1,406 bilhões durante a Copa do Mundo, de acordo com balanço divulgado pelo Banco Central. “O Mundial foi um evento grandioso que beneficiou o turismo e projetou positivamente o país no exterior. Já estamos colhendo os frutos de termos recebido bem os estrangeiros, com hospitalidade e serviços turísticos de qualidade”, disse o ministro do Turismo Vinicius Lages. E concluiu afirmando que “Se incluirmos o capital de imagem, os ganhos são ainda mais representativos”.
4) Os itens mais bem avaliados pelos visitantes foram a hospitalidade e a gastronomia, com 98% e 93% de aprovação respectivamente. A segurança pública brasileira foi avaliada positivamente por 92% dos turistas. Os táxis, informações turísticas e transportes públicos foram aprovados por 9 em cada 10 visitantes internacionais e os aeroportos por 8 em cada 10! Surpreso(a)? Eu também! É, fomos a bola da vez, num ótimo sentido!
5) A imprensa internacional classificou a Copa do Brasil como a melhor da história, graças à cordialidade dos brasileiros aliada à boa qualidade dos jogos, que tiveram uma grande quantidade de gols, alguns resultados surpreendentes, como no Holanda 5 x 1 Espanha (vamos esquecer um certo 7 x 1, por favor!). O ganho em termos de imagem para o Brasil foi inestimável, pois a publicidade gratuita que a mídia internacional deu ao país, com seus textos, fotos e vídeos, não tem preço!
6) A revista britânica The Economist, que vem liderando o ranking da imprensa “gringa” que torce contra o sucesso do Brasil, acabou sendo enquadrada pelos seus próprios leitores! A reportagem “Traffic and tempers”, publicada no dia 10/06, exaltando os problemas de mobilidade em São Paulo, às vésperas de receber o mundial, foi rechaçada por leitores dos USA, Japão, Holanda, Inglaterra e Argentina, dentre vários outros. Em contraposição aos argumentos da revista, esses leitores relataram problemas muito semelhantes nos seus respectivos países e exaltaram as qualidades brasileiras, em especial a hospitalidade do povo! Olha ela aí de novo!
7) É, vingança é um prato que se come frio…mas estragado já é demais! Pois então, o grande fiasco do “padrão FIFA” aconteceu com quem menos merecia, quando 40 voluntários da Copa em Brasília passaram mal após consumir as refeições servidas pela entidade no sábado (dia 14/06), um dia antes de o Estádio Mané Garrincha estrear no mundial, com a partida entre Suíça e Equador. Depois disso, não apareceu mais nenhum manifestante desavisado reivindicando saúde e educação “padrão FIFA”!!!
8) O pessimismo que predominava na imprensa mundial foi substituído pelo brilho da festa que os brasileiros fizeram! Então, já está mais do que na hora de acabarmos, de uma vez por todas, com esse complexo de vira-lata que está arraigado no nosso inconsciente coletivo, como uma maldição. Nós mostramos ao mundo que somos um povo alegre, gentil e hospitaleiro, que vai além do clichê carnaval-praia-futebol! Nós provamos a nós mesmos e aos mais pessimistas e descrentes que sabemos receber bem os turistas, também em grandes eventos mundiais! E podemos sim, ser uma excelente opção de destino turístico internacional!
A nossa seleção infelizmente fez um papelão, mas nós batemos um bolão!!!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Deu no Tripadvisor: Sancho, em Fernando de Noronha, é a praia mais bonita do mundo!!!

Eu sei que você deveria estar lendo agora sobre a Chapada Diamantina, como eu havia prometido no meu último post, mas tive que mudar meus planos de repente, pois não poderia deixar este grande momento para depois! Pois é, a longínqua e vulcânica ilha de Fernando de Noronha, destino cobiçado por muitos, “furou a fila” com meu total consentimento e louvor, pois a sua belíssima Baía do Sancho acabou de ser eleita, pelo site de viagens Tripadvisor, a melhor praia do mundo!!! Uau, parabéns para ela e para nós brasileiros, pois isso não é pouca coisa não, já que este site é super conceituado e utilizado por milhões de viajantes pelo mundo afora, inclusive por mim, que já afirmei várias vezes ser ele é o meu fiel oráculo nas minhas consultas turísticas!
Esta eleição acontece anualmente e a votação é feita pelos próprios usuários do site, o que torna cada escolha bastante peculiar! Não é nenhum profissional ou acadêmico de turismo que escolhe isso ou aquilo, mas sim os próprios turistas, ou seja, gente como você e eu! Claro que, em se tratando de gosto, os critérios são sempre totalmente subjetivos, e tudo o que é tachado como “o mais” ou “a mais” “do mundo” não pode ser tomado como uma verdade absoluta, mas que isso traz muita satisfação, prestígio e glamour, aaaah isso traz!  
Voltando à eleição, eu mesma tenho vários “primeiros lugares” no quesito praia, mas ter recebido um e-mail do próprio Tripadvisor dizendo “Hi Vania, guess which beach just won #1 in the world? (Oi Vania, adivinha qual praia acabou de ser eleita a n° 1 do mundo?)” não tem preço e me encheu de orgulho e alegria! Por isso, Fernando de Noronha, aqui vamos nós!!!
A cerca de 550 km da costa de Recife (Pernambuco) e com 21 ilhas, o arquipélago de Fernando de Noronha está localizado sobre um vulcão cuja base tem 74 km de diâmetro e 4.200 metros de profundidade. Extinta há mais de 20 mil anos, a cratera submersa faz parte de uma cadeia de montanhas da parte Atlântica da placa sul-americana. As rochas vulcânicas mais antigas do arquipélago têm cerca de 12 milhões de anos! As paisagens que hoje existem em Noronha são o resultado de períodos de erupção intensa, quando aconteciam explosões e emissão de lavas, e outros calmos, com a ocorrência de erosão sedimentar.
O arquipélago foi descoberto em 1503 pela armada de Américo Vespúcio, e em 1505 o rei D. Manoel doou a ilha a Fernão de Loronha, fidalgo financiador da expedição que a descobrira. Esta foi a primeira Capitania Hereditária do Brasil, mas a ilha permaneceu em total abandono, pois seu donatário nunca se interessou por ela. Depois disso, o arquipélago foi ocupado em momentos diversos da história, por portugueses, ingleses, franceses e holandeses.

Em 1700 a capitania de Fernando de Noronha retorna à coroa, tornando-se por carta régia dependência da Capitania de Pernambuco. Mas, despovoada e em completo abandono, a ilha foi novamente ocupada em 1736, pelos franceses da Companhia Francesa das Índias Orientais, passando a se chamar Isle Dauphine. Em 1737 o arquipélago foi definitivamente ocupado pelos portugueses, quando os franceses foram expulsos de vez, e sem nenhuma resistência, por uma expedição vinda do Recife. A fim de impedir novas investidas dos franceses, são construídos os fortes de Nossa Senhora dos Remédios, Nossa Senhora da Conceição e Santo Antônio.
Anos mais tarde o lugar serviu de base militar para os Estados Unidos, durante as duas Guerras Mundiais e no período da Guerra Fria, onde havia um posto de observação de mísseis teleguiados. Até 1982, além de ter servido como área militar, a ilha também abrigou um presídio! Somente nos anos 90 o local foi aberto ao turismo, e mesmo assim com muitas restrições, uma vez que em 1988 ele foi transformado em Parque Nacional Marinho administrado pelo IBAMA, e em 2001 foi tombado pela Unesco, como Patrimônio Mundial Natural! 
Chega-se à ilha de avião, partindo de Recife ou Natal, em voos diários de aproximadamente 60 minutos. O lugar é longe e caro, não tem como negar, pois todos os produtos disponíveis vêm do continente, o que eleva os preços do simples pãozinho, à gasolina, que é a mais cara do Brasil! E ainda tem a taxa de permanência, que também não é muito barata, justamente para evitar que o turista fique no local mais do que o necessário, que deve ser algo entre 5 e 7 dias, no máximo. É um destino exótico e bastante exclusivo também, pois não pode receber mais de que um número específico de visitantes por vez, que varia conforme a época! Isto porque a ilha é pequena, com apenas 17 km² e 7 km de extensão, tendo suas praias divididas em mar de dentro, voltado para o lado do Brasil, e o mar de fora, voltado para o da África. Do mar de fora eu recomendo as seguintes praias:

1) do Leão: é um dos destaques do mar de fora! O lugar ganhou este nome em função da enorme formação rochosa dentro do mar, que vagamente se assemelha a um leão-marinho deitado. Extensa, com águas de vários matizes de azul e verde, a praia é a escolhida pelas tartarugas marinhas para desovar no período de janeiro a junho. Sob a supervisão do Projeto Tamar, os turistas acompanham de perto a corrida das tartaruguinhas rumo ao primeiro banho de mar! Ao lado fica o Morro da Viuvinha e, nas duas formações, uma infinidade de ninhos faz do local um santuário dessas aves. 
2) Baía do Sueste: de acesso fácil e asfaltado, esta praia também é freqüentada por tartarugas marinhas. Por isso, não esqueça a máscara de mergulho e as nadadeiras, pois a chance de nadar ao lado delas, que chegam aos bandos, é enorme! É lá que fica, também, a Pousada Maravilha, a mais bonita, luxuosa, exclusiva e cara da ilha! Por conta disso, você pode esbarrar com várias celebridades!
 
3) do Atalaia: chega-se nessa praia depois de uma longa e cansativa caminhada pelas pedras, feita somente com o acompanhamento de um guia local e credenciado. As lindas paisagens pelo percurso não nos deixam esquecer a origem vulcânica da ilha. A chegada à praia é impactante, com a bela visão das pedras negras e do Morro do Frade bem no meio do mar! Os recifes formam extensas piscinas naturais, rasas, cristalinas e com excelente visibilidade, onde há muitos corais, peixes e sim, alguns tubarões! Controlado pelo Ibama, o local só recebe poucas pessoas de cada vez, e para que todos tenham acesso, cada grupo permanece por uma hora no máximo. Pegue o ingresso no Centro de Visitantes do Parque Marinho, na Alameda Boldró;
 
 
Do mar de dentro indico as seguintes praias: 1) Cacimba do Padre: uma das maiores praias da ilha, com 900 metros de extensão, abriga um dos cartões-postais de Noronha, o Morro Dois Irmãos. As águas são verde-azuladas e repletas de vida marinha, a areia é clara e fofa e a vegetação nativa dos morros avança sobre a praia, propiciando um belo pôr-do-sol. No verão, as ondas chegam a cinco metros!
2) Baía dos Porcos: tem um acesso um pouco difícil, mas dá para chegar a pé através da Cacimba do Padre, numa caminhada de 15 minutos pela areia, com alguns trechos pelas pedras. Mas o esforço é totalmente recompensado pela pequena praia com faixa de areia estreita e muitas pedras, que formam piscinas de águas transparentes e cheias de peixes coloridos! O paredão altíssimo e a vista do Morro Dois Irmãos completam o belo visual!
 
3) do Cachorro: logo abaixo da Vila dos Remédios, esta pequena praia é a mais freqüentada pelos moradores da ilha. Muito simpática, tem areias claras e fofas e águas calmas e cristalinas, além de uma fonte de água doce. A infra-estrutura garante cerveja gelada e aluguel de máscaras de mergulho!
 
4) da Conceição: aos pés do Morro do Pico, é outro belo cartão-postal de Noronha, foi onde fiquei e gostei bastante! O acesso é fácil e o mar é calmo, paisagem que muda completamente no verão, quando os surfistas tomam conta do local por causa das boas formações de ondas. O canto direito abriga o Morro de Fora, com piscinas e peixinhos. É um dos melhores pontos da ilha para apreciar o pôr-do-sol;
5) do Meio: de pequena extensão, fica entre as praias do Cachorro e da Conceição, tem águas mansas e piscinas naturais. Nos períodos de ressaca ganha boas ondas;
6) do Boldró: uma das preferidas dos surfistas no verão, quando as ondas chegam a cinco metros! No resto do ano atrai vários turistas em função de suas piscinas com rica vida marinha. Um mirante nos arredores atrai muitos turistas e nativos na hora do pôr-do-sol, de onde se tem uma bela panorâmica;
7) do Americano: pequena, deserta e perfeita para quem busca privacidade, é cercada por pedras dos dois lados, tem águas muito azuis e areia fofa e clara;
8) do Bode: as suas piscinas naturais são acessíveis pelas pedras. O local funciona como ponto de partida para o trio de praias mais belo de Noronha: Cacimba do Padre, Baía dos Porcos e Sancho;
9) E por último, a mais bonita do mundo: Baía do Sancho! Com águas cristalinas e bancos de coral, esta praia é considerada um dos melhores pontos do Brasil para a prática do mergulho livre. Na época de desova das tartarugas marinhas, entre janeiro e junho, fica interditada das seis da tarde às seis da manhã. O acesso não é fácil, pois é feito a partir do alto de um penhasco, de onde se tem uma vista espetacular! Mas não é imposspível! Ali tem início a descida por uma escada encravada na rocha, que nos leva à areia branquinha, banhada por um mar “caribenho- tupiniquim”! 
Esta praia é uma das poucas onde é permitida a parada de embarcações, sendo uma boa opção para quem não quiser se aventurar pela descida entre as rochas. Porém, quem chega lá de barco perde a linda panorâmica do alto do morro! Eu, particularmente, fiz essa descida entre as rochas sem problema algum, e foi muito melhor do que eu pensava! Claro que a dificuldade é bem maior para pessoas de idade avançada, acima do peso ou com algum problema de locomoção. Fora isso, é tranqüilo e só valoriza a chegada a este paraíso!
 
 
 
 
Em Noronha há muitas opções de lazer, como observação de golfinhos, caminhadas por trilhas, passeios de barco, de veículo 4x4 e especialmente os mergulhos de snorkel ou de cilindro, pois este é um dos melhores lugares do mundo para esta prática! Isto porque as águas transparentes proporcionam uma ótima visibilidade, que chega a 50 metros! A diversidade da fauna marinha é outro grande atrativo, com cardumes variados e coloridos, e também arraias, tubarões (!), tartarugas (muitas!), moréias, barracudas, golfinhos (figurinhas fáceis!), esponjas e corais. Os melhores lugares para o mergulho são os naufrágios na Ponta da Sapata e na Baía de Santo Antônio, além da Laje Dois Irmãos e do Buraco do Inferno.
  
 
A ilha oferece, ainda, maravilhosos mergulhos noturnos, período em que muitas espécies exóticas e coloridas dão o ar da sua graça! Esta modalidade é permitida apenas para mergulhadores credenciados, mas, para quem não tem prática, as operadoras locais oferecem o famoso “batismo”, que é um mergulho diurno que desce no máximo a 15 metros de profundidade, sempre com a supervisão de instrutores. Este mergulho inclui o kit roupa de neoprene, cilindro, colete, máscara e nadadeiras. Crie coragem e embarque nesta aventura sem medo, pois há um imenso jardim subaquático, multicolorido e cheio de vida! E não há necessidade de ir até as profundezas, pois com 15 ou até mesmo 10 metros já se pode ter uma inesquecível visão desse paraíso! E olha que eu sou meio claustrofóbica, mas criei coragem e mergulhei numa boa, com total segurança e tranqüilidade! Eu recomendo!
A melhor maneira de conhecer a ilha é alugando um bugre, embora eu tenha utilizado ônibus algumas vezes. Há também várias atividades que podem ser contratados nos próprios hotéis, como os passeios de barco, mergulhos de cilindro, o Ilhatur, para conhecer a ilha toda num veículo 4x4, em aproximadamente 8 horas e a visita à Baía dos Golfinhos. Desses programas, quatro são imperdíveis:

1) Acordar de madrugada e ir direto para o mirante no alto da Baía dos Golfinhos, para ver a chegada desses simpáticos e inteligentes cetácios, por volta das 6 da manhã! É neste horário que eles costumam aparecer para alimentar os seus filhotes, descansar, brincar e dar cambalhotas no ar, num show particular, como se soubessem que estão sendo vistos por uma platéia extasiada, lá do alto do mirante! 
Mirante da Baía dos Golfinhos
 
2) Assistir às interessantes e animadas palestras na sede do Projeto Tamar, que em 1984 iniciou suas atividades de pesquisa e conservação no arquipélago. Mesmo na concepção do projeto arquitetônico, o Tamar buscou alternativas ecologicamente corretas nas suas instalações físicas, que são bem bacanas. O Centro de Visitantes foi inaugurado em 1996, por conta do crescimento do turismo no início da década de 90. Assim, Noronha se tornou um dos grandes destinos ecoturísticos nacionais e hoje o Centro recebe cerca de 40 mil visitantes/ano.

O Programa de Palestras Ambientais teve início em 1996 e desde então elas acontecem diariamente no auditório do Centro, com capacidade para 90 pessoas e acesso gratuito. Cada noite tem seu tema ambiental fixo e todas as 2ª e 5ª feiras os visitantes podem acompanhar, também gratuitamente, a atividade de monitoramento de tartarugas marinhas, através de captura intencional na praia, para marcação e biometria. De dezembro a junho dá para acompanhar o monitoramento noturno na praia do Leão, com a abertura dos ninhos!
Com uma concepção bastante interessante e inovadora, o programa de conservação ambiental do Projeto Tamar procura sempre interagir com as comunidades envolvidas, dando suporte para as ações de longo prazo. Porque é preciso cuidar primeiro das pessoas, para que elas tenham condições de proteger a natureza! Então, as populações locais são essenciais nessa parceria, que é obtida graças às campanhas educativas de informação, sensibilização e conscientização ambiental, buscando alternativas de subsistência não predatórias para os pescadores e suas famílias, promovendo a inserção social, apoiando creches e escolas e oferecendo profissionalização para os jovens. Um belíssimo exemplo que tem dado super certo, nos vários estados do Brasil onde o Projeto atua!
3) Ir no forró do Bar do Cachorro, nem que seja somente para olhar! Para completar essa atmosfera paradisíaca, Noronha está sempre uma hora a frente em relação a Brasília, então na ilha é sempre horário de verão!

4) Ver o por do sol, que é um espetáculo único na ilha! Os melhores pontos são: Praias da Conceição e da Cacimba do Padre, Forte de Nossa Sra. dos Remédios, Forte de São Pedro, Mirante do Boldró e Porto de Santo Antônio.  
 
Falando agora sobre a hotelaria, há uns 8 anos atrás, mais ou menos, Noronha era bem precária em termos de hospedagem, que sempre foi cara, sem conforto e sem glamour! O supra-sumo da infra-estrutura receptiva era oferecer ar-condicionado e um banho quente, acredite se quiser! Eram as chamadas “pousadas familiares”, que ainda existem, mas que agora têm que conviver com outras opções bem mais confortáveis, super equipadas e cheias de estilo!

Mesmo hoje em dia, as pousadas familiares ou não, continuam sendo caras, aliás como acontece em toda e qualquer ilha bonita e famosa que se preze! A diferença é que agora, além das novas pousdas, temos algumas veteranas renovadas e aprimoradas, como por exemplo o Solar dos Ventos, no Sueste, a Pousada da Morena e a famosa e badaladíssima Pousada Zé Maria, ambas na Praia da Conceição, sendo esta última a escolha de 10 entre 10 celebridades! As duas contam com serviços bacanas e visuais simplesmente deslumbrantes!
Solar dos Ventos
 
 
 
Pousada da Morena



Pousada Zé Maria
 
 
 
 
Mas, o grande divisor de águas mesmo, foi a chegada da exclusivíssima Pousada Maravilhano Sueste, que foi uma espécie de fada-madrinha que com sua varinha de condão abriu as portas para este tipo de hospedagem “com grife”, que eu particularmente adoro e carinhosamente denomino rústico-chic!  Além de estilosas e super equipadas, estas novas “pousadas-conceito” ainda oferecem serviços diferenciados, tais como wi-fi, locação de carro, transfers, várias opções de passeios, piscinas de borda infinita, ofurôs, spas, tratamentos estéticos, massagens, cerimônias de casamento, pacotes de lua-de-mel, restaurantes, bares, lounges, etc.
 
 
Nesta novíssima leva, todas na Praia da Conceição ou nas proximidades, temos:
 
 
 
No entanto, mais do que exclusividade, luxos e paparicos, o grande diferencial e o valor agregado mais importante que estas pousadas estão incorporando e disseminando é a prática do desenvolvimento sustentável! Essa política começou já nos seus projetos arquitetônicos, ecologicamente corretos, perfeitamente integrados ao entorno, com o mínimo de interferência no solo e utilizando madeira de reflorestamento e outras matérias-primas naturais. 

A prática do consumo consciente se reflete também no sistema de reaproveitamento da água das chuvas através do simples sistema de calhas; na adoção do “Sistema Mizumo de Tratamento de Água”, responsável pela reciclagem da água dos sanitários, chuveiros e lavanderia, que retornam para as bacias sanitárias; na utilização de produtos biodegradáveis e que causem menos impacto ao meio ambiente; na coleta seletiva do lixo, que é separado e enviado para a reciclagem; na preferência pelo reutilizável, evitando a indústria do descartável; no uso racional da energia elétrica, com a instalação de placas para o aquecimento solar; na escolha de eletrodomésticos de baixo consumo de energia e fabricados com componentes reciclados; na separação dos resíduos sólidos; no cultivo da horta orgânica através da compostagem; no paisagismo com espécies nativas. Tudo funciona graças ao investimento na formação e conscientização da comunidade local, colocando em prática a “Lei dos 3 Rs: Reduzir, Reaproveitar e Reciclar”!
 
A Pousada Zé Maria chegou ao luxo de implantar um Sistema de Gestão Ambiental, baseado nas normas internacionais ISO 14001, buscando alcançar padrões de excelência no que se refere à sustentabilidade. A norma comprova a capacidade de uma empresa em atingir seus objetivos ambientais e econômicos, priorizando a proteção à natureza e o combate à poluição, mas também garantindo o crescimento sócio-econômico. Isto é pra lá de politicamente correto e um belo exemplo a ser seguido! Graaaande Zé!
 
Apesar das enormes melhorias no setor hoteleiro, Noronha ainda carece de certos tratos e de um bom choque de ordem! A Vila dos Remédios, onde está o centrinho da ilha, precisa de um pouco mais de charme, apesar da ainda manter uma igreja do século 18 e de algumas outras construções históricas preservadas. Os demais bairros são bem precários, com casas descuidadas e ruas esburacadas, que ficam bem enlameadas quando chove. A única grande estrada asfaltada é a BR-363, com apenas 7 km, que cobre muito pouco da ilha. Então, prepare-se para esta gangorra visual e sensorial! Por outro lado, no que se refere à natureza e às paisagens, eu garanto que ninguém se decepcionará!
No quesito comes-e-bebes, a vinda dessa nova geração de pousadas proporcionou um up-grade também nesta área, já que quase todas elas abrem seus restaurantes aos não-hóspedes também, mas sempre mediante reserva! Com isso, além do visual apurado, se ganhou também na qualidade e na variedade de opções!

Duas recomendações de alguns $$$: 1) o “Festival Gastronômico” aberto ao público em geral, toda quarta e sábado a partir das 20:00 horas, na Pousada Zé Maria. Este rega-bofe é famoso e disputadíssimo pelo conjunto da obra: comida fresca, boa e variada + ver e ser visto!
2) o restaurante do Beijupirá Lodge, nome pomposo para mais um empreendimento da cadeia luso-pernambucana de pousadas e restaurantes Beijupirá, que já conta com unidades em Olinda, Porto de Galinhas, Praia dos Carneiros (Pernambuco) e Porto de Pedras (Alagoas)! E é especificamente a este estilo rústico-chic que eu me referi acima, pois tanto nas suas pousadas, quanto nos seus restaurantes, a proprietária Adriana Didier usa e abusa de elementos locais para fazer suas alquimias e estripulias, sempre com muita criatividade e bom gosto, na gastronomia e na decoração! 

Nos seus restaurantes comumente são saboreadas muitas delícias exóticas, como o dourado empanado com canela e cardamomo, acompanhado de banana empanada no coco, filé de galo-alto com molho de pitanga e arroz de castanha, camarão no mel de engenho com arroz de maracujá, que são servidas nas mesas embaixo dos pés de seriguela! Para a sobremesa, as pedidas são o mil folhas de tapioca e o nego bom, mistura de goiaba com banana, que vem embrulhado no papel laminado. Huuuuummm!!!
Além dos restaurantes das novas pousadas, há mais duas indicações: 1) o Bar Duda Rei, um simpático pé-na-areia na Praia da Conceição, com caipirinhas, caipiroskas, vários petiscos e boa música! 2) o Mergulhão Noronha, na Praia do Porto, bem em frente à Baía de Santo Antonio, com seus almofadões de chita displicentemente jogados ao deus-dará. A vista privilegiada para o Morro do Pico divide as atenções com as tendas do gramado, a música lounge e, claro, com o cardápio! Entre os pratos estrelados está o peixe crocante do dia recheado com camarão, lascas de queijo e palmito, acompanhado de purê de abóbora. E tem ainda a lagosta ao molho de jabuticaba com limão e ervas, o polvo com caju...
Duda Rei
Mergulhão
 
 
E não se atreva a voltar para casa sem experimentar os famosos e deliciosos bolinhos de tubalhau - carne de tubarão salgada, semelhante a bacalhau – à venda no Museu do Tubarão, um must taste da ilha! O cardápio traz ainda a Tubalhoada (lascas de tubalhau, batata, cebola e azeite) e o Tuba Burguer! Muito “muderno”!
 
Quando ir:
Evite março e abril, quando chove muito, e prefira a época seca, que vai de agosto a fevereiro. Já entre agosto e novembro o mar vira uma piscina e fica perfeito para a prática do mergulho. Para acompanhar a desova das tartarugas, que acontece na praia do Leão sob supervisão do Projeto Tamar, vá entre abril a julho.

Considerada o Havaí Brasileiro, a temporada de surfe na ilha vai de dezembro a fevereiro, sendo o local onde as melhores ondas tubulares se formam! É um bonito espetáculo tanto para quem surfa, quanto para quem só observa, e os melhores locais para a prática desta atividade são as praias de Cacimba do Padre, Boldró, Conceição, Cachorro, Meio e Biboca.
 
 
Informações importantes:
- Caixas eletrônicos 24hs: no aeroporto, no Projeto Tamar e na agência do Santander;
- Taxa de Preservação (permanência na ilha): R$ 45,00 por dia! Pague antecipadamente para evitar filas:  www.noronha.pe.gov.br;
- Taxa de visitação: R$ 65,00 para brasileiros e R$ 130,00 para estrangeiros;
- Não há casas de câmbio e muitos dos estabelecimentos locais não aceitam cartões de débito nem de crédito, então leve dinheiro e cheques;
- Há voos diários partindo de Recife ou Natal, que duram aproximadamente 1 hora;
- Na viagem de ida, escolha um assento na janela do lado esquerdo do avião, garantindo as melhores vistas do arquipélago, antes do pouso;
- A internet é disponibilizada via satélite e sua eficiência é bastante precária, havendo dias que há possibilidade de navegação e dias sem nenhuma navegação! Isso é ótimo! 
Não se esqueça de colocar na mala:
- Repelente
- Remédios
- Protetor solar
- Óculos escuros
- Boné / chapéu
- Tênis / papete
- Mochila / cantil
- Câmera fotográfica
- Carteira de habilitação
- Credencial de mergulho (para pessoas certificadas)
- Muita disposição!
Termino este post com mais uma boa novidade em Noronha, criada no ano passado: no Sueste e nas trilhas para o Mirante do Sancho, o Mirante Dois Irmãos e a Baía dos Golfinhos foram implantados os Postos de Informação e Controle (PIC), uma estrutura bem bacana de apoio aos deficientes físicos! Eles agora podem chegar até esses maravilhosos points e também mergulhar no Sueste, com muito mais autonomia! Estas trilhas adaptadas foram construídas com plástico reciclável, que parece madeira, e são como passarelas suspensas que saem do PIC, onde há banheiro próprio para cadeirantes, duchas, lanchonete, lojinha, aluguel de equipamento de mergulho e claro, a ajuda de monitores!
 
 
No Sueste o mergulho acontece com a utilização de cadeiras anfíbias, que como o nome já dá cola, entram na água, depois de deslizarem por uma rampa em direção ao mar, sempre com a supervisão dos monitores. Quem tem mobilidade nos braços consegue até fazer o mergulho com cilindro! Mais uma belíssima iniciativa, veja no vídeo como isso ocorre na prática!


Linda, renovada, inclusiva, politicamente correta e fashion, essa é a Noronha dos sonhos e da uma nova realidade sustentável! E como se não bastasse, ainda tem a praia mais bonita do mundo! Eu já fui, agora só falta você!